O Saci, a jabuticaba e o comunista A invenção da Dança da Pizza, apresentada intempestivamente ao país no início do outono, foi a segunda explosão de originalidade da deputada Ângela Guadagnin. A primeira ocorrera em meados de 2003, quando a ex-prefeita de São José dos Campos, eleita pelo PT paulista, propôs a instituição do Dia do Saci. Na campanha eleitoral deste ano, em busca de mais um mandato, Ângela prometeu esquecer a vida de bailarina para dedicar-se à valorização do mito brasileiríssimo. Não deu certo. Os votos que a dança lhe tirou não foram repostos por um cabo eleitoral preto, pobre, pequeno e perneta. Ângela Guadagnin acabou barrada no baile das urnas. Nem por isso a luta pela criação do Dia do Saci ficará sem padrinhos. Reeleito pelo PCdoB de São Paulo, o próprio presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo, mantém desfraldada a bandeira que a companheira costurou. Comunista de ascendência maoísta, mas também nacionalista furioso, Rebelo encampou com entusiasmo de escoteiro o projeto de Ângela. O Saci não será esquecido. Já aprovado pela Comissão de Educação e Cultura, o texto espera o parecer da Comissão de Constituição e Justiça. Uma aparição do Saci no Congresso seria menos espantosa que a discurseira de Rebelo em favor do afilhado. “O Saci é uma barreira contra os estrangeirismos”, explica no projeto. “É uma força de resistência cultural à invasão dos x-men, dos pokemons, os raloins, e os jogos de guerra”, argumenta Rebelo. “E só no Brasil existe o Saci”. Poucas coisas existem só no Brasil. Além do Saci, tínhamos até recentemente só a jabuticaba. Agora temos também Aldo Rebelo. Não existe em qualquer lugar do planeta outro devoto do regime de partido único que tenha sido ministro da Integração Política de um governo democrático. Isso só dá no Brasil. Não existe em nenhum lugar do mundo civilizado um comunista de carteirinha na presidência da Câmara. Isso só dá no Brasil. A Era Lula conseguiu produzir, com o nome de Aldo Rebelo, a jabuticaba dos pomares da política, o Saci da floresta legislativa. O PCdoB velho de guerra tem razão: tamanha singularidade merece lugar cativo no elenco principal do Planalto. O PCdoB foi um fiasco nas urnas, é verdade. Votos, não tem. Parlamentares, pouquíssimos. Governadores e senadores, nenhum. Mas tem uma história. E tem, sobretudo, Aldo Rebelo. Por isso, não deixa por menos: ou o companheiro vira ministro ou continua presidente da Câmara. Docemente constrangido, Rebelo informa que nada reivindica. Mas está pronto para servir ao país, como tem feito desde os tempos de presidente da UNE. Nascido em Alagoas e agora reeleito por milhares de paulistas, considera-se uma figura nacional. Aceita um ministério, claro. Mas preferiria ficar onde está. Tem chances. Lula gosta da idéia: Rebelo não é de criar problemas. E poucos parlamentares fazem restrições ao companheiro. É difícil brigar com quem só briga pela instituição do Dia do Saci.
Acusado de estimular o racismo pelo sociólogo Demétrio Magnoli, o ministro Tarso Genro acionou-o judicialmente. O Cabôco pergunta: vem algum manifesto por aí ou liberdade de imprensa é só para companheiros? O companheiro Marco Aurélio Garcia insiste: a imprensa precisa “fazer uma auto-reflexão sobre a cobertura da campanha presidencial”. Jornalistas alfabetizados prometem examinar a idéia (com carinho) só depois que o presidente interino do PT desfizer o enigma: o que significa esse “auto” antes de “reflexão”? |
Entrevista:O Estado inteligente
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