Entrevista:O Estado inteligente

domingo, novembro 12, 2006

CLÓVIS ROSSI Bush, Chávez, Lula

- O líder da América Latina deveria ser George Walker Bush e não Hugo Chávez. A provocativa afirmação pertence a Marta Lagos, a criadora do "Latinobarómetro", talvez o melhor metro para medir o humor dos latino-americanos.
Pesquisas mostram que Bush é mais conhecido que Chávez (28% dos latino-americanos não sabem quem é o presidente dos EUA, ao passo que 34% desconhecem Chávez). Dos que conhecem Bush, 29% avaliam-no positivamente, contra 26% para o venezuelano.
São números que desafiam a sabedoria convencional, segundo a qual Chávez é muito mais popular que Bush. De fato, é. Na mídia. "A agenda informativa está longe do imaginário coletivo que as pesquisas refletem", escreve Marta Lagos para a revista "Nueva Sociedad", editada pela Fundação Friedrich Ebert, da social-democracia alemã.
Completa: "Líderes são aqueles que conseguem penetrar no imaginário e nas expectativas das pessoas, não por sua posição política, mas porque interpretam as aspirações dos povos". Ou, posto de outra forma, a grande maioria está pouco ligando para a retórica incendiária de Chávez ou para a "guerra ao terrorismo" de Bush. Gosta mesmo é de quem seja visto como mais apto a resolver seus problemas.
A provocação de Marta Lagos serve para desconstruir uma lenda sobre liderança na América Latina.
A direita esgrime o fantasma de Chávez como novo (e perigoso) líder regional. A esquerda (ou parte dela) diz que Chávez tomou o lugar de Lula. Tolice.
Liderança, afora os fatores mencionados por Marta, depende também do peso do país a que pertence o líder. Na América Latina, é o Brasil e só o Brasil. Ponto. Falta Lula atingir o tal imaginário coletivo, que chegou a tocar, no início -toque depois embaçado pela cascata de escândalos.

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