Entrevista:O Estado inteligente

sábado, setembro 17, 2005

MILLÔR veja

Lula vive se vangloriando de que veio do nada. Será que veio?

Divagar e sempre

Meio cheia, meio vazia

Lula jamais vai entender que semi-árido é o mesmo que semi-úmido.

 

Neném clássico

"Treino é treino, jogo é jogo." Neném Prancha

 

História Istória

Brizola, o Merlim do populismo, lembram dele?, depois de profundas meditações numa praia deserta da restinga da Maracutaia, subiu a um palanque e, assistido por uma heróica galera, transformou Lula num sapo barbudo. E Lula ficou esperando o beijo da princesa Urna, que o levaria ao trono, retransformado num condottiere. O beijo não veio enquanto Brizola vivia. Mas lendas se formaram. Em certas noites do ABC, quando a lua cheia subia por trás das chaminés da rica indústria paulista, ouvidos sensíveis, ouvindo o coaxar da alma em crise, com beijos e carícias inesperadas, botaram o sapo, com barba e tudo, voando pelos céus, por todo o alhures e alguns algures. E lá está Lula, aos saltos e coaxos desesperados, evitando a volta ao torno, o nenhures.

 

Preconceito!

Preconceito! Preconceito! Preconceito! Porque veio do Nordeste, diz Severino, querem tirá-lo do cargo mais gratificante que já teve.

 

Proustiana

Lá vinha eu, menino, no frio da madrugada, às vezes debaixo de uma chuva fina que me perseguia no escuro, depois de um dia de trabalho das 8 da manhã às 6 da noite e de mais quatro horas do colégio noturno, Liceu de Artes e Ofícios. Minha rotina era acordar antes das 6 e ir dormir, quando cedo, à meia-noite. Piscina. É assim que me chamava. Pois ao chegar em casa só dava tempo de bater com a mão na parede e voltar ao trabalho.

Eu descia do bonde no Largo dos Pilares, andava quilômetro e meio pela Avenida João Ribeiro, luz pouca, escuridão de breu, passava a estação de Terra Nova, hoje desaparecida, e, na mesma avenida, em frente ao Morro do Urubu, entrava em casa. Nenhum medo a não ser um susto ocasional quando um cavalo, ele mais assustado do que eu com o ruído dos meus passos no silêncio da madrugada, botava a cabeça sobre um muro e relinchava alto.

Inúmeras vezes subi o Morro do Urubu (pra nós, meninos, dos Urubus) em busca de modestas aventuras. Mas o que havia eram uns poucos casebres, pobreza mal pressentida, era assim que era. E paz, que só conhecemos quando a perdemos. E o que não havia era essa enfiada de quadrilhas de traficantes ferozes, guerreando outros não menos ferozes, nem bravos policiais liberando moradores com balas perdidas. Li hoje nos jornais.

 

Revisitando Nelson Rodrigues

O BOCA DE OURO



Foto de Sergio Marques

BOCA DE OURO
– Que tal, doutor?

DENTISTA – Rapaz, nunca vi, em toda a minha vida, uma boca tão perfeita! Dentes de artista de
cinema!

BOCA – Sabe que quando ouço falar em dor de dente eu fico besta? Nunca tive esse troço!

DENTISTA – Lógico.

BOCA – Pois é, doutor, agora eu queria um servicinho seu. Caprichado, doutor!

DENTISTA – Capricha em quê?

BOCA – O senhor vai mexer, vai tirar tudo. Tudo, doutor!

DENTISTA – Tirar esses dentes? Nunca!

BOCA – O senhor vai tirar, sim, doutor, vai tirar! Vai arrancar todos os dentes. Porque eu quero uma dentadura de ouro!

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