Entrevista:O Estado inteligente

terça-feira, setembro 27, 2005

JANIO DE FREITAS Esquerda, volver

fsp
 Atitude típica da esquerda: primeiro, dividiu-se em várias pequenas frações, cuja integração poderia superar os 42% obtidos pelos governistas na disputa pela presidência do PT; agora, diante do segundo turno, precipita o abandono do partido por militantes em massa, antes de votar na segunda oportunidade, daqui a apenas 12 dias, de opor-se aos co-responsáveis pela aliança PT, Valério & cia.
Seja como for, Lula e seu governo estão colhendo a mais expressiva condenação, acima de quedas em pesquisas, derrotas na Câmara, vaias na rua. É no próprio PT que Lula está contestado por metade dos companheiros que se manifestaram. E, em grande parte, são trabalhadores que estão deixando o seu velho PT, ex-companheiros sindicalistas que continuam fora dos palácios, gente da silenciada CUT.

A laranjada
A CPI dos Correios está enrolada nas dificuldades para verificar a passagem de empréstimos de Marcos Valério, originários do Banco Rural, para o PT. São saques e outros documentos demais, de identificação freqüentemente difícil e, para maior complicação, com evidências de incontáveis falsos destinatários, os chamados laranjas.
Mas, aqui fora, continua-se sem entender por que não é verificada nos documentos do Banco Rural a existência, ou não, dos empréstimos. Se existiram, a partir de sua data têm que estar nos registros contábeis do banco feitos então. Se lá estão, eis a resposta para parte substancial do dinheiro usado por Valério e Delúbio. Se lá não aparecem, ou se aparecem com indícios de manipulação recente da contabilidade, é uma busca trabalhosa que pode ser logo substituída por outras ainda promissoras.
Trabalhar sobre a contabilidade do banco é muito mais fácil do que pesquisar nos milhares de documentos avulsos de Valério, suas empresas, fornecedores, clientes e laranjas. Aguarda-se.

Interrogação
A importância dada à eleição para a presidência da Câmara, amanhã, é desproporcional ao que se pode supor do seu papel no ano e pouco que lhe caberá. O governo Lula não tem grandes projetos a tramitar entre as dissenções parlamentares. Nem é largo o campo de manobras possíveis do futuro presidente, seja em relação às possíveis cassações ou outros problemas. O clima geral continuará hostil às habituais malandrices.
Até amanhã de manhã, toda indicação de resultado será mero palpite. O excesso de candidatos se explica pelo interesse, de vários deles, de negociar alguma coisinha. Boa, ou mais do que pessoal, por certo não é. Como o governo entrou para valer no jogo, está claro que há muito negócio possível, em troca mesmo que meia dúzia de votos ou nem isso.
Ainda assim, e na linha do palpite, Lula e o seu imposto candidato Aldo Rebelo não valem uma aposta que vá além do primeiro turno. A se considerarem as condições de equilíbrio, experiência parlamentar e trânsito nos diversos lados, José Thomaz Nonô se mostra o menos sujeito a restrições para a tarefa de melhorar um pouco o conceito público da Câmara. Mas, nesse caso, o problema começa por se saber se a melhora de conceito importa alguma coisa para a atual Câmara.

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