Entrevista:O Estado inteligente
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sábado, setembro 24, 2005
A última mensagem de Severino MARCELO COELHO
COLUNISTA DA FOLHA DE S PAULO
A companhei pelo rádio a renúncia de Severino Cavalcanti. Um ponto de seu discurso atingiu extremos de ênfase vocal. É o que cito a seguir.
"Não permitam", disse Severino aos seus pares, "que um deputado possa ir ao exterior seis, oito vezes ao ano representar o Brasil e que outros fiquem à margem. Isso não pode acontecer nesta Casa! Não permitam que qualquer presidente que ocupe a Casa faça o que faziam anteriormente, quando os deputados do baixo clero não tinham vez nem oportunidade".
Viagens de graça para todos! O "baixo clero" não estava pedindo muito, afinal: ficaria contente em poder voar de vez em quando. Cortaram-lhe as asas, entretanto.
O acintoso no discurso de Severino Cavalcanti está no fato de reivindicar privilégios como se fossem direitos. Será o único a fazer isso? Das elites paulistas aos coronéis dos cafundós, a prática é comum.
Claro que as convicções pessoais de Severino, seu estilo próprio de agir e de falar, nada tinham de moderno. Tornando-se porta-voz do "baixo clero", entretanto, ele aplicou ao próprio Congresso uma lógica de representação política que não tem nada de ultrapassada.
É bem "moderno" decretar o fim das ideologias e celebrar o predomínio da pura racionalidade econômica. Modelos antagônicos de sociedade e visões de mundo alternativas deixaram de existir. Os interesses particulares, entretanto, continuam em conflito. Não mais se organizam em partidos, mas em "lobbies". Corporações profissionais, grupos econômicos e bancadas regionais mal disfarçam seu particularismo, seu imediatismo mais desesperado. De professores universitários a agricultores nordestinos, quase todos estão, afinal, com a corda no pescoço.
Severino Cavalcanti tornou-se o "metadeputado", o representante dos representantes; seguiu a lógica tanto da esquerda quanto da direita, que é a de assumir abertamente a defesa de interesses corporativos. O lobby dos parlamentares, por que não?
Claro, essa aberração só pode aparecer em circunstâncias especiais. Essas circunstâncias são as de uma crise muito moderna, moderníssima, do parlamento e da representação política. O Executivo não faz mais do que seguir uma política econômica imposta pelas realidades do mercado financeiro, desdenhando as reivindicações da sociedade.
O escândalo do mensalão, como o da compra de votos no governo FHC, nasceu da tentativa de passar por cima até mesmo dos partidos fisiológicos, negociando no varejo, cabeça a cabeça, as votações de interesse do governo. Assim, não só os velhos partidos doutrinários, como o PT, vão acabando. Também os partidos "chapa-branca" perdem razão de ser. A revolta de Roberto Jefferson nasce daí, aliás. A eleição de Severino também.
Rixas e escândalos ocasionais à parte, o "baixo clero" tem um grande futuro pela frente; por mais rudimentar que tenha sido, o breve mandato de Severino Cavalcanti é tão moderno quanto a agenda de Palocci e o pragmatismo do presidente da República.
Severino queria mais viagens de avião gratuitas. Do descontentamento com o "sucatão" aos vôos pagos com fundo partidário, Lula e alguns de seus ministros não ficam muito atrás do visionário de João Alfredo.
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