A última reunião do grupo "Tornos e Planilhas" trouxe alguns consensos e algumas divergências sobre os rumos da economia. O grupo é formado por economistas de mercado, operadores e economistas da economia real. Em geral, houve boa dose de otimismo em relação aos próximos meses na economia.
Crédito e preços - no ano passado, com a queda da taxa Selic, o sistema bancário dirigiu parte expressiva de seus recursos para o crédito, provocando inflação nos bens duráveis. Para André Loes, economista-chefe do Santander, temores de que se repita esse movimento levarão o BC a ser cauteloso na redução das taxas. Júlio Sérgio Gomes de Almeida, economista-chefe do Iedi, acha que no ano passado houve recomposição de margem da indústria, o que evitaria a repetição do fenômeno. Roberto Cintra, do Citigroup, aposta em queda forte da Selic. E acredita que a emissão de títulos em reais poderá ser o primeiro passo para mudar o perfil da dívida.
Contas externas - Nos anos da privatização, com US$ 30 bilhões/ano de investimento externo direto (IED), financiava-se apenas metade das necessidades externas do país. Hoje em dia o investimento caiu pela metade, mas a necessidade de financiamento é de apenas 25%, porque sobram dólares no setor privado, segundo Loes. Com a liquidez internacional e a realocação do portfólio dos fundos internacionais, não haverá dificuldades de financiamento no próximo ano.
Exportações - Júlio diz que, hoje em dia, vender para o mercado interno permite margens maiores de ganhos. Mas as empresas temem a volatilidade da economia interna, por isso resistem nas exportações, aguardando que uma hora o câmbio se acerte. O problema maior tem sido o da exportação de plantas, empresas, especialmente do setor de máquinas e equipamentos, que estão se instalando em outros países para fugir do custo câmbio e do custo Brasil.
Câmbio - o mercado aposta em R$ 2,30 até o final do ano e R$ 2,70 até o final de 2006. Paulo Tenani, do UBS, aposta que se ficará nessa faixa de R$ 2,30 a R$ 2,40. Muitas montadoras alegam que o problema não é o câmbio, mas os custos internos, especialmente do aço. Cintra lembra que o aço aumentou para todas as montadoras de todo o mundo. O problema foi que as nacionais se descuidaram de hedgear suas vendas.
"Timing" da política monetária - Roberto Troster, da Febraban, julga que o BC errou no ritmo de elevação e de queda dos juros. Quando a inflação ameaçou, deveria ter feito o mal de uma vez -uma pancada nos juros- e, depois do mal exorcizado, acelerado a queda dos juros.
Capacidade instalada - Júlio Sérgio questiona o conceito de capacidade instalada da indústria. Nenhuma empresa investe muito em máquinas novas, mas investe na margem. Precisando, a capacidade aparece. Gustavo Baltar, do CFSB, lembra que, em uma de suas pesquisas, de um mês para outro uma empresa que operava com 100% da capacidade passou a operar com 70%, meramente criando um terceiro turno de trabalho.
A íntegra do debate pode ser lida em www.dinheirovivo.com.br
Entrevista:O Estado inteligente
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sexta-feira, setembro 23, 2005
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