Entrevista:O Estado inteligente

terça-feira, setembro 27, 2005

ELIANE CANTANHÊDE Todos contra um B

FSP
RASÍLIA - Há algo em comum nas candidaturas de José Thomaz Nonô, da oposição, de Ciro Nogueira, do baixo clero, e de Michel Temer, que tenta ser independente: todos são contra Aldo Rebelo, o nome da cartola do PMDB do Senado.
Nonô, o favorito, tem o PFL, o PSDB, parte do PPS e do PDT e apoios difusos em diferentes partidos, até no PT. Na outra ponta, Aldo tem o governo, e governos têm lá seus métodos e instrumentos de convencimento, como emendas, verbas, cargos e, principalmente, promessas. Isso tem apelo em todas as bancadas.
Entre os dois, estão Ciro Nogueira, herdeiro de Severino Cavalcanti e passível de apoio do PP, do PL e do PTB, e Michel Temer, que tem a direção oficial do PMDB. A turma de Nogueira não apenas acha que foi atropelada pelo Planalto como considera que Aldo tem "nariz em pé". E a de Temer está simplesmente com ódio do Planalto, de Renan e de Sarney, que blefaram fingindo apoio a ele, mesmo depois de fechados com Aldo.
Se der Nonô e Aldo no segundo turno, é praticamente certo que o PMDB de Temer vote em peso em Nonô e que os votos de Ciro se dividam meio aleatoriamente. Mas... nenhum dos caciques do Congresso se atreve a descartar a hipótese de Ciro ir para o segundo turno contra Nonô. Neste caso, a grande incógnita é: para onde iria, ou irá, o governo?
Nonô é visto pelo Planalto como o bicho-papão oposicionista. E Ciro é o herdeiro de Severino, apesar de bem mais jovem e mais moderno. A opção governista seria entre votar na oposição ou correr o risco de repetir o trauma da vitória do baixo clero. Que custo teria?
A vantagem da atual disputa é que os candidatos têm legitimidade. Nonô, Temer e Aldo, apesar das divergências entre eles, são nomes respeitáveis, com muita experiência, equilíbrio e grande trânsito em todas as áreas do Congresso. Mesmo Ciro é um bom passo à frente de Severino.
Que ganhe o melhor.

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