Entrevista:O Estado inteligente

sábado, setembro 24, 2005

MILLÔR

VEJA

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Lição de coisas

Estava eu conversando, em Porto Alegre, com Ivan Pinheiro Machado e Paulo Lima, meus editores da LPM, quando eles promoveram o encontro famoso – famoso há 200 anos – entre Balzac e Napoleão Bonaparte. Balzac, admirador do Corso, registrava os pensamentos deste sobre sua própria vida, a vida social, e a institucional, que ele ajudou a mudar para sempre, embora muitos não achem (ou nem saibam). Publico alguns desses pensamentos, por serem bastante oportunos. Quem sabe alguém lê? E reflete sobre esse NAPOLEÃO BONAPARTE. Ele sabia das coisas:

1 A maior parte dos que não querem ser oprimidos quer oprimir.

2 Há tantas leis que ninguém está livre de ser enforcado.

3 O meio de ser acreditado é tornar a verdade inacreditável.

4 Os roubos coletivos não têm ladrão.

5 É bem mais seguro ocupar os homens com coisas absurdas do que com idéias justas.

6 De 100 favoritos do rei, 90 são enforcados.

7 As grandes assembléias se reduzem a camarilhas e as camarilhas se reduzem a um homem.

8 A nobreza teria permanecido se soubesse se apropriar dos meios de escrever.

9 Nunca se sobe tão alto como quando não se sabe aonde se vai.

10 O homem menos livre é o homem de partidos.

11 Nada funciona num sistema político em que as palavras não combinam com os fatos.

12 Todos são sensíveis a porcentagens.

13 Não se vai buscar uma dragona no campo de batalha quando se pode obtê-la numa antecâmara.

14 Há casos em que perder homens é economia de sangue.

15 A política e a moral devem ter a mesma repulsa pela pilhagem.

16 Um governo recém-nascido deve deslumbrar.

17 As transações aviltam o poder.

18 Todo governo deve ver o povo apenas como massa.

19 É preciso mais caráter na administração do que na guerra.

20 Um governo formado de elementos heterogêneos não é durável.

21 A suscetibilidade de um governo acusa sua fraqueza.

22 A separação do Tesouro e do Ministério das Finanças é a única possível.

23 Os conspiradores que se unem contra uma tirania começam submetendo-se a um chefe.

24 Desde a descoberta da imprensa as luzes (os iluministas) são chamadas para reinar. E reina-se apenas para subjugá-las.

25 Um soberano deve sempre confiscar a publicidade para seu proveito.

26 O ateu é um súdito melhor do que um fanático. Um obedece, o outro mata.

27 Há patifes tão patifes que se comportam como pessoas honestas.

28 A expressão virtude-política é um contra-senso.

29 Os jornais deveriam ser reduzidos a pequenos cartazes.

30 Um Estado se governa melhor com ministros medíocres que permaneçam no cargo do que com ministros de alto espírito que mudam constantemente.

31 É preciso retirar a proteção daqueles a quem não podemos mais recompensar.

32 A polícia inventa mais do que descobre.

33 Interpretar as leis é corrompê-las.

34 O soberano sempre procede mal quando fala colérico.

35 Querer estabelecer legalmente a responsabilidade dos atos é uma tolice.

36 Convém mudar inesperadamente de lugar as autoridades e as guarnições militares. O interesse do Estado exige que não haja posições inarredáveis.

37 Uma lei ruim aplicada presta mais serviços do que uma boa lei interpretada.

38 Não há leis possíveis contra o dinheiro.

39 A política, que não pode ser moral, deve impor a moral.

40 A cassação não é mais do que um acordo entre o Malfeito e a Lei.

41 Não é a fé que nos salva. É a desconfiança.

42 Com especialistas é impossível conseguir simplicidade. Os formalistas do Conselho de Estado impediram muitas simplificações.

43 O comércio une os homens. Portanto o comércio é prejudicial à autoridade.

44 Toda boa lei deve ser curta. Longa, vira regulamento.

45 As conspirações são feitas em proveito dos mais covardes.

46 Uma nação em que todos querem cargos importantes está vendida de antemão.

47 Se a grande maioria da sociedade quisesse ignorar as leis, quem haveria de impedi-la?

48 Eu nunca quis empréstimo. Em 1813, a França tinha apenas sessenta milhões em títulos do governo. Deixei mais de 100 milhões.

49 Nada que degrada um homem é útil por muito tempo.

50 Os grandes poderes morrem de indigestão.

51 Tronos não se consertam.

52 Toda indulgência com culpados é uma conivência.

53 Um Chefe é um mercador de esperança.

54 Não há roubo. Tudo se paga.

55 O mais difícil é decidir.

56 CHEFE DE ESTADO NÃO DEVE SER CHEFE DE PARTIDO


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