FOLHA DE S PAULO
Ainda há muito o que discutir em relação a dois temas relevantes: um, a emissão de títulos do Tesouro corrigidos em reais, no exterior; o segundo, uma eventual anistia para atrair capitais brasileiros que se evadiram do país nesses anos de "offshore" e caixa dois.
Há desafios de monta. O primeiro, separar adequadamente caixa dois de dinheiro criminoso. A nova Lei de Lavagem de Dinheiro poderá pecar pelo excesso se não estabelecer essa distinção. Uma coisa é a punição futura de quem sonegar. Outra é atrair a sonegação passada para a formalidade. A não-distinção dos antecedentes dificultará essa formalização.
A poupança externa só interessa a um país com déficit em suas contas externas. Se as contas estão equilibradas, o ingresso de dólares tem só um efeito: apreciar ainda mais a cotação do real.
Há um vício de raciocínio recorrente no pensamento cabeça de planilha. Uma economia em desenvolvimento deve ter exportações e importações crescentes, uma balança comercial superavitária ou levemente deficitária. Quando entram outros itens, a conta fica deficitária. O país precisa pagar pela importação de tecnologia, royalties, juros e dividendos.
O vício de raciocínio consiste em tomar o efeito pela causa. Ou seja, induzir a um déficit em contas correntes, como se a geração da conseqüência criasse as causas virtuosas -a compra de tecnologia etc.
O capital estrangeiro é fundamental quando significa máquinas, tecnologias, abertura de mercados. Quando o ingresso é meramente financeiro, em uma economia superavitária, há duas maneiras de trabalhar a questão. A primeira é permitir a troca de dólares por reais. O efeito será uma apreciação ainda maior do câmbio. A segunda alternativa é o Banco Central esterilizar os dólares, ao aumentar as reservas, emitir reais e, depois, emitir títulos da dívida parar enxugar os reais adicionais. O resultado é um impacto adicional sobre as contas públicas e um efeito-substituição: para cada dólar que entra, há a redução do valor correspondente dos reais disponíveis para a parte da economia que não tem acesso aos dólares.
Por isso mesmo, do ponto de vista macroeconômico, a única vantagem da anistia ao capital exportado seria conferir a verdadeira identidade a esse caixa dois imenso que sai diariamente para o exterior sob as barbas do BC. Mas, se bem-sucedida, a operação poderia apreciar ainda mais o real.
O mesmo ocorre com as emissões de títulos soberanos em reais. Na prática, a única vantagem será demonstrar que os investidores externos aceitam taxas bem menores do que o viciado organismo interno brasileiro. Mas de modo nenhum se poderá substituir o financiamento interno da dívida pelo externo.
Pactual e Conselhinho
O Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional reduziu as punições do Banco Pactual e de nove executivos acusados de operações irregulares em 1999. Não se levou em conta a informação de que, em março e abril, o Pactual teria reincidido nas mesmas práticas. Segundo seu secretário executivo, o Conselhinho é meramente um órgão de revisão, de recursos.
No julgamento, entendeu-se que estavam caracterizadas as irregularidades apontadas, mas a materialidade não estava bem definida. Para alguns conselheiros, o processo não foi bem instruído. Para as pessoas físicas, a inabilitação foi transformada em advertência, por 5 votos a 3.
Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
Arquivo do blog
-
▼
2005
(4606)
-
▼
setembro
(497)
- A votação mais cara do mundo Bruno Lima Rocha
- LUÍS NASSIF Efeitos dos títulos em reais
- Batendo no muro LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS
- Dirceu entre a inocência e a onipotência MARCELO C...
- ELIANE CANTANHÊDE Nova República de Alagoas
- CLÓVIS ROSSI O país do baixo clero
- EDITORIAL DA FOLHA DE S PAULO O ELEITO DE LULAL
- DORA KRAMER Agora é que são elas
- EDITORIAL DE O ESTADO DE S PAULO Despudores à parte
- João Mellão Neto Como é duro ser democrata
- Roberto Macedo Na USP, uma greve pelas elites
- EDITORIAL DE O GLOBO Cidade partida
- MERVAL PEREIRA O gospel da reeleição
- Luiz Garcia Juiz ladrão!
- MIRIAM LEITÃO Políticas do BC
- Raça, segundo são João Jorge Bornhausen
- Cora Rónai Purgatório da beleza e do caos
- Fundos e mundos elegem Aldo
- EDITORIAL DE O GLOBO Desafios
- A Derrota Política do Governo!
- MERVAL PEREIRA Vitória do baixo clero
- MIRIAM LEITÃO Sem medidas
- EDITORIAL DE O ESTADO DE S PAULO Atrasado e suspeito
- DORA KRAMER Muito mais do mesmo
- LUÍS NASSIF Indicadores de saneamento
- ELIANE CANTANHÊDE Vitória das elites
- CLÓVIS ROSSI A pouca-vergonha
- EDITORIAL DA FOLHA DE S PAULO NORMA ANTINEPOTISMO
- EDITORIAL DA FOLHA DE S PAULO DESVIOS SEMÂNTICOS
- Aldo vence, dá gás a Lula e esperança aos "mensale...
- JANIO DE FREITAS Dos valores aos valérios
- EDITORIAL DO JB A vitória da barganha
- AUGUSTO NUNES Berzoini foi refundado
- Se não se ganha com a globalização, política exter...
- Fome de esquerda Cristovam Buarque
- A valorização do real em questão
- EDITORIAL DE O ESTADO DE S PAULO A debandada dos p...
- EDITORIAL DE O ESTADO DE S PAULO Precisa-se de ger...
- Ineficiência fiscal e a 'Super-Receita' Maurício M...
- DORA KRAMER Adeus às ilusões
- EDITORIAL DA FOLHA DE S PAULO OS DEPUTADOS DECIDEM
- EDITORIAL DA FOLHA DE S PAULO MAIS DO MESMO
- CLÓVIS ROSSI Cenas explícitas de despudor
- FERNANDO RODRIGUES Uma Câmara submissa
- ELIO GASPARI Bicudo foi-se embora do PT
- LUÍS NASSIF A discussão do saneamento
- "Upgrade" PAULO RABELLO DE CASTRO
- EDITORIAL DE O GLOBO Gastamos mal
- EDITORIAL DE O GLOBO Chávez fracassa
- No governo Lula, um real retrocesso HÉLIO BICUDO
- MIRIAM LEITÃO Das boas
- MERVAL PEREIRA A base do mensalão
- A frase do dia
- EDITORIAL DE O ESTADO DE S PAULO Desculpas não bastam
- Jóia da primavera Xico Graziano
- Oportunidade perdida Rubens Barbosa
- DORA KRAMER Com aparato de azarão oficial
- LUÍS NASSIF Os caminhos do valerioduto
- JANIO DE FREITAS Esquerda, volver
- ELIANE CANTANHÊDE Todos contra um B
- CLÓVIS ROSSI A crise terminal
- EDITORIAL DA FOLHA DE S PAULO FRAUDES NO APITO
- Diferença crucial RODRIGO MAIA
- EDITORIAL DE O GLOBO Dois governos
- Arnaldo Jabor Manual didático de ‘canalhogia’
- MIRIAM LEITÃO Além do intolerável
- MERVAL PEREIRA Espírito severino
- AUGUSTO NUNES Os bandidos é que não passarão
- A crueldade dos humanistas de Lancellotti Por Rein...
- O Cavaleiro das Trevas
- Juristas Dizem Que Declarações DE DIRCEU São Graves
- O PT e a imprensa Carlos Alberto Di Franco
- A outra face de Lacerda Mauricio D. Perez
- Reinventar a nação LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA
- VINICIUS TORRES FREIRE Urubus políticos e partidos
- EDITORIAL DA FOLHA DE S PAULO CHÁVEZ E A POBREZA
- AUGUSTO NUNES Os gatunos estão em casa
- MERVAL PEREIRA O fator Mangabeira
- João Ubaldo Ribeiro Mentira, mentira, mentira!
- MIRIAM LEITÃO Eles por eles
- DORA KRAMER Um perfil em auto-retrato
- EDITORIAL DE O ESTADO DE S PAULO Contraste auspicioso
- Gaudêncio Torquato O horizonte além da crise
- São Paulo olhando para o futuro Paulo Renato Souza
- EDITORIAL DA FOLHA DE S PAULO MOMENTO IMPORTANTE
- EDITORIAL DA FOLHA DE S PAULO DÍVIDA EXTERNA EM REAL
- CLÓVIS ROSSI As duas mortes de Apolônio
- ELIANE CANTANHÊDE Malandro ou mané?
- LUÍS NASSIF A reforma perdida
- Para crescer, é preciso investir em infra-estrutur...
- FERREIRA GULLAR Alguém fala errado?
- JANIO DE FREITAS Nada de anormal
- Lula também é responsável, afirma Dirceu
- Augusto de Franco, A crise está apenas começando
- Augusto Nunes Uma noite no circo-teatro
- Baianos celebram volta de Lula a Brasília
- Lucia Hippolito Critérios para eleição de um presi...
- MERVAL PEREIRA A voz digital
- MIRIAM LEITÃO O perigo é olhar
- FERNANDO GABEIRA Notas sobre os últimos dias
-
▼
setembro
(497)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA