Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, setembro 28, 2005

CLÓVIS ROSSI Cenas explícitas de despudor

FOLHA DE S PAULO
 SÃO PAULO - Talvez se possa dizer da grande maioria da atual Câmara dos Deputados o que se dizia dos Bourbon: não esquecem, mas não aprendem.
Todos dizem estar conscientes de que o Parlamento vive seu pior momento em termos de credibilidade. E a repulsa do eleitor é totalmente justificada, depois do mensalão e do mensalinho.
Não obstante, os nobres representantes do povo insistem em repetir as piores condutas e em orgulhar-se dos seus piores momentos. Um dos candidatos à presidência da Câmara, Ciro Nogueira (PP-PI), faz até elogios a Severino Cavalcanti, esquecendo-se de que ele acaba de renunciar para não ser cassado por falta de decoro. Quem tem um ídolo como esse já está confessando quem é.
Nem por isso deixa de ter chances de eleger-se e tornar-se, assim, segundo na linha de sucessão.
Como se fosse pouco, há a terrível ameaça de juntarem-se três partidos apanhados em cenas explícitas de falta de decoro para ver se conseguem a presidência.
Refiro-me a PTB, o já indigitado PP e PL. Vejamos a ficha desses partidos: o PTB é o partido que Roberto Jefferson presidia. Cassado por falta de decoro. Quem elege para chefiá-lo um cidadão com esses predicados boa coisa não pode ser.
O PP é o partido não só de Severino, mas também de Paulo Maluf, ora preso, e de Pedro Henry, de José Janene e de Pedro Corrêa, os três últimos figuras maiúsculas no escândalo do mensalão, mas nem por isso menos dirigentes do PP.
O PL é o partido ainda presidido por Valdemar Costa Neto, outro que fugiu do mandato para não ser cassado, para não mencionar outros deputados igualmente na fila de espera para cassação.
A decência básica exigia que tais partidos buscassem algum recato. Nada: exibem-se impudicamente, coerentes de resto com o passado.
Pena que há poucas chances de terem a mesma sorte dos Bourbon.

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