folha de s paulo
Enquanto Severino, o vivo, fartava-se em negativas diferentes sobre sua comida mensal em um restaurante da Câmara, ressurgiam as indagações sobre o que terá ingerido Iasser Arafat, morto um mês depois de súbita dor estomacal que degenerou em distúrbio sanguíneo misterioso e insuperável.
Em tempos mais democráticos nos Estados Unidos, quando eram inimagináveis as várias formas atuais de censura, volta e meia um agente da CIA contava em livro as artimanhas e os crimes da "companhia" pelo mundo afora. Quase todos pagaram caro pelo desafio aos "segredos de Estado". Mas foram ricamente didáticos, na demonstração de que as mais influentes ações das grandes potências, no que se chama de política internacional, não estão nas palavras de reuniões ou de tratados. Milhares de casos atestam o grande apreço, em nosso tempo mesmo, pelo método direto e sigiloso.
Foram os ensinamentos inapagáveis daqueles livros que me fizeram guardar, gesto quase automático, um recorte de notícia publicada pelo jornal israelense "Yediot Ahronoth" em 18 de dezembro de 2003. Tive a convicção imediata, que os jornalistas "politicamente corretos" diriam refletir fixação conspirativa, de que a notícia viria a se relacionar, de algum modo, com fatos futuros. Era a breve narrativa de uma conversa informal de Bush com uma repórter israelense, na reunião de Natal do presidente com jornalistas.
Ouvida a opinião que pedira sobre o processo de paz entre Israel de Sharon e os palestinos, Bush, claro, responsabilizou Arafat pelas frustrações passadas, presentes e vindouras: "Os discursos [de Arafat] são bons, mas são só palavras. Agora é o momento de fazer muito no Oriente Médio e estou comprometido a fazê-lo". E deu o fecho: "Temos que nos livrar dele".
Onze meses e meio depois, Arafat tornou-se uma indagação ainda sem resposta para os patologistas e outros cientistas de vários países que, desde sua chegada a um hospital de Paris, buscam identificar a doença ou o envenenamento que o matou. Mistério não iniciado no mal de Arafat, mas na frase de Bush: teria ele desejado dar-lhe o significado que se depreende, ou exprimiu talvez uma opinião apenas política, mas não o propósito, digamos, letal? Só se saberá quando sejam outra vez possíveis os livros de ex-agentes da CIA, supondo-se que voltem a sê-lo.
Enquanto isso, voltemos com humildade a atenção para o nosso raso nível nacional. Não esqueça, portanto: na terça-feira deve depor, afinal, o sumido José Genoino, que os companheiros não puderam mais proteger (desculpe, agora se deve dizer "blindar") de algumas perguntinhas. Na quarta, está prevista a votação do destino de Roberto Jefferson. E até lá, se você pensa que é por intuito moralizador que deputados tanto discutem em torno da necessária substituição de Severino, outros podem concluir que a motivação principal é apropriar-se da presidência da Câmara. E não têm menos razão do que você, não.
Entrevista:O Estado inteligente
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