Entrevista:O Estado inteligente

domingo, setembro 11, 2005

ELIANE CANTANHÊDE "Risco santo"

FOLHA DE S PAULO
BRASÍLIA - Como todo mundo sabe, mineiro trabalha em silêncio. Quando Itamar Franco (mineiro nascido na Bahia) lança Aécio Neves, que se desmancha em elogios a José Alencar, que acha Itamar um grande brasileiro, a conclusão é óbvia: alguma eles andam aprontando.
Como regra, ex-presidente, governador de Minas e vice-presidente da República são sempre candidatos potenciais à Presidência. Temos, pois, que, no mínimo, Itamar, Aécio e Alencar se sentem candidatíssimos.
Como os três não param de falar bem uns dos outros, imagina-se que estejam trabalhando em silêncio, por exemplo, uma aliança mineira. Meio naquela linha vitoriosa, e histórica, entre Tancredo Neves (ex-PSD e então PMDB) e Aureliano Chaves (ex-UDN e então PDS). Era a aliança impossível, foi forjada sobe o lema de "que dispute o melhor" e deu a vitória a Tancredo, ao PMDB e à oposição ao regime militar.
Os tempos são outros e, cá para nós, os personagens também. Mas os mineiros querem deixar para trás o trauma de ter a seqüência de Hélio Garcia e Newton Cardoso durante tanto tempo e recuperar um lugar ao sol na política nacional. E se unem, para sobreviver a São Paulo.
Se eles têm chance de enfrentar uma candidatura de Lula pelo PT e pelo governo e outra de Serra ou Alckmin pelo PSDB e pela oposição, isso é outra história. Mas a mineirada está assanhada.
Para conferir, vire as páginas. A entrevista de José Alencar à Folha é de quem está com um pé na Presidência, agora ou a partir de 2006. "O sr. está pronto?", perguntamos a ele. E Alencar: "Claro, absolutamente". Para quem gosta da política econômica de juros altos, é de ficar de cabelo em pé. Para quem está louco para mudar, ele se declara um "risco santo".
Ah! Por falar nisso, além do mito de que "Minas trabalha em silêncio", há aquele velho outro, de que paulista é arrogante, e mineiro, humildezinho. Se isso é humildade...

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