Entrevista:O Estado inteligente

domingo, setembro 11, 2005

CLÓVIS ROSSI Todos malufaram

folha de s paulo
SÃO PAULO - No século passado, os adversários de Paulo Maluf cunharam a seguinte expressão: "A gente odeia o Maluf há tanto tempo que nem lembra mais os motivos".
De fato, Maluf foi erigido uma espécie de campeão mundial da corrupção, desde que tratou o dinheiro público como dele, ao doar Volkswagens para os campeões do mundo de 1970 (já ganhamos duas Copas e perdemos seis desde então).
Era tamanho o ruído em torno de Maluf que até se criou o verbo "malufar" para designar comportamentos não exatamente santos.
Seria lógico que, quando, finalmente, a Justiça decretasse a prisão preventiva desse personagem folclórico-histórico, ganhasse as manchetes, certo? Errado. Perdeu-as para o "mensalinho", acredite quem quiser. Severino Cavalcanti, aliás do mesmo partido de Maluf, derrotou-o no torneio de informações sobre corrupção em que o país afunda todo santo dia.
É eloqüente do estado de um país quando o suposto (ou real) campeão mundial da corrupção perde esse tipo de torneio para um deputado menor, embora presidente da Câmara, acusado de um desvio igualmente menor, do seu tamanho, aliás.
É igualmente eloqüente que ninguém mais, salvo um ou outro partido nanico, odeie Maluf. Ele já andou em outdoors (1998) abraçado a Fernando Henrique Cardoso, o patriarca-mór do tucanato.
Já se aliou ao PT, na campanha municipal de 2002, além de seu partido fazer parte da base de sustentação do governo Lula. Se bobear, Maluf ganha um cheque em branco do próprio Lula, como o PP ganhou um ministério, aliás por indicação do mesmo Severino que desbancou Maluf da manchete.
Do PFL, Maluf sempre foi companheiro de viagem em São Paulo, até que o PFL se tornasse linha auxiliar do tucanato.
Passou tanto tempo desde os "fusquinhas" de 1970 que todos malufaram. Ou quase todos. É o Brasil, evoluindo sempre.

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