Entrevista:O Estado inteligente

domingo, setembro 11, 2005

ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES A promissora agrofloricultura brasileira

FOLHA DE S PAULO

O leitor que acompanha esta coluna é testemunha da importância que dou à agricultura. A abundância de terras cultiváveis, de água, de sol, de engenhosidade e de vontade de trabalhar dá ao nosso país uma vantagem comparativa que é invejada pela maior parte das nações do mundo. Ademais, o Brasil já dispõe de uma pesquisa agropecuária de alta qualidade e que é responsável pelos altos níveis de produtividade da maioria dos produtos.
Para atender a demanda mundial por alimentos, o Brasil tem ainda um enorme campo para fazer crescer a sua produção agrícola. A mesma oportunidade aparece para o fornecimento de fibras e de álcool.
Mas não é só isso. Mais recentemente, o Brasil vem se destacando no campo da agrofloricultura. Com base em técnicas avançadas de plantio, comercialização e logística, a produção de flores e plantas ornamentais cresceu de forma animadora nos últimos anos, não só em São Paulo, que tem longa tradição nesse campo, mas em vários Estados do Nordeste e do Sul. O clima mais estável do Brasil reduz a necessidade de estufas sofisticadas e aumenta suas vantagens comparativas na produção de flores.
A realização da Expoflora, no município de Holambra (SP), ora em andamento, é uma oportunidade para observar os bons ventos que sopram nessa área. O mercado interno para flores e plantas vem se ampliando ano a ano, sendo estimado em aproximadamente R$ 3 bilhões anuais, gerando cerca de 500 mil postos de trabalho.
Mais animador ainda é saber que o Brasil vem avançando no mercado externo. Quando comparado com as exportações de alimentos e outros produtos agrícolas, o montante exportado é ainda modesto. Em 2005, espera-se exportar cerca de US$ 30 bilhões. Mas o crescimento é expressivo: as exportações de flores, plantas e bulbos cresceram 30% em 2003, 21% em 2004 e deverão aumentar mais 25% em 2005. Com a diminuição das barreiras sanitárias impostas por alguns países, podemos chegar a US$ 60 bilhões por ano. Além do mais, o Brasil já penetra até mesmo nos países que são exportadores tradicionais nesse campo, como Holanda, Itália e Japão.
O progresso da agrofloricultura merece ser enaltecido. Exportar flores cortadas e plantas vivas é uma tarefa de grande complexidade. As rosas, lírios, bromélias e orquídeas brasileiros são um sucesso no exterior. As tulipas, que eram privilégio da Holanda, são exportadas para aquele país pelos produtores do interior de São Paulo e de outros Estados. A cada feira internacional que o Brasil comparece, os compradores ficam inebriados com a beleza de nossas flores e plantas.
Estamos lidando, portanto, com um campo promissor do lado econômico, importante do lado social e maravilhoso do lado estético. É animador constatar que casas, consultórios e escritórios do exterior estão sendo ornamentados com flores brasileiras. É uma alegria saber que a emoção e o carinho de quem dá e recebe flores têm como base as flores do Brasil. A agrofloricultura é o lado bonito e romântico da nação brasileira ganhando um grande e promissor mercado.

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