ELIANE CANTANHÊDE Pacto de quem com quem?

FOLHA DE S PAULO
 BRASÍLIA - Busca-se um pacto pela sobrevivência na Câmara, em torno de um nome consensual para o lugar de Severino Cavalcanti. Não é fácil.
No dia do depoimento em que Buani chorou, detalhou o "mensalinho" e selou o destino de Severino, houve uma pré-conversa a favor de um petista, recuperando o critério de que a maior bancada faz o presidente. PSDB e PFL ensaiaram apoio. Mas os petistas, ora!, racharam.
Já na sexta-feira, evoluiu-se para um "nome de peso", fora dos conflagrados PSDB, PFL ou PT, mas de um partido representativo, como Michel Temer. Jurista, já presidiu a Câmara e é do PMDB, dividido ao meio. O Senado já é presidido pelo peemedebista Renan Calheiros, mas ele é pró-governo. Temer é pró-tucanos.
Assim como o PT rachou em torno de um petista, PFL e PSDB racharam em torno de Temer. O risco é que o PMDB fique excessivamente poderoso na eleição presidencial de 2006. Os tucanos temem que desequilibre o Fla-Flu entre PT e PSDB. E o PFL não quer perder para o PMDB a vaga de vice e de parceiro do PSDB.
Mas, ontem, o nome mais forte voltou a ser o de Temer. Ele não é perfeito, mas quem seria?
Falta ainda o mais complicado: combinar com o adversário Severino como, quando e onde ele vai anunciar o seu rumo. O melhor para ele e para todos é a renúncia, acabando com a agonia e podendo voltar deputado no ano que vem. A licença manteria por longos e tenebrosos quatro meses o vice José Thomaz Nonô (PFL-AL). Nonô é um bom parlamentar, mas não teria autoridade plena, oposição e governo continuariam matando-se em torno da cadeira e Severino continuaria debaixo de denúncias.
As palavras-chaves nessa hora são "previsibilidade" e "grandeza", diz ACM Neto (PFL-BA). Cronograma fechado, partido forte, nome respeitável. É melhor para a instituição, mas talvez não seja para os cálculos partidários e para ambições pessoais. Neste caso, não é você quem decide. São eles. Aí é que mora o perigo.