Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, setembro 16, 2005

CLÓVIS ROSSI O batom na língua

FOLHA DE S PAULO
 SÃO PAULO - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez, em Nova York, uma declaração que acaba sendo a explicação de toda a crise do PT e de seu governo na medida em que revela, no mínimo, no mínimo, pouco caso com o dinheiro público e pouco caso com a lei.
A declaração foi em resposta a uma pergunta sobre o pagamento pelo PT de passagens para ele próprio, Lula, além de várias outras pessoas, usando recursos do Fundo Partidário (portanto, usando o meu, o seu, o nosso dinheirinho).
Disse Lula: "Eu estranharia se fosse o PSDB ou o PFL que tivesse pago a minha passagem. Mas o PT tinha mais era a obrigação de pagar".
Parece irônico, mas é apenas a louvação de uma ilegalidade, como notou o leitor (e advogado) Marcelo Bernardez Fernandez, que faz a seguinte observação:
"O PT pode até ter a obrigação de pagar (não sabe ao certo qual é o fundamento para essa obrigatoriedade, pois ele não fala), mas o presidente não pode se esquecer que o procedimento foi ilegal, uma conduta que o chefe da nação não pode ironizar ou dela fazer pouco caso, já que diz ser o paladino da ética e da moralidade".
Não é apenas o fato de Lula pretender ter o monopólio da ética e da moralidade, o que já se demonstrou uma falsidade, mas, principalmente, o fato de que o primeiro funcionário público de um país (qualquer país) tem a obrigação, mais do que todos, de zelar pelo dinheiro público em vez de passar alegremente por cima de um caso de mau uso dele.
É bom lembrar que, na grotesca entrevista concedida em Paris, o presidente já havia tratado com pouco caso o caixa dois com o cínico argumento de que todo mundo o utiliza.
Se aquele que deveria ser o principal zelador da coisa pública comporta-se com tal grau de leviandade, alguma surpresa com a proliferação de Delúbios e Valérios à sombra do poder e no partido do presidente?

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