Entrevista:O Estado inteligente

terça-feira, setembro 13, 2005

EDITORIAL DA FOLHA DE S PAULO JUROS INSUSTENTÁVEIS

 É um consenso que o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), que se reúne hoje e amanhã para decidir sobre a taxa básica de juros, irá determinar, enfim, o corte esperado por muitos há meses. De fato, diante das circunstâncias, não faria nenhum sentido manter a taxa nos atuais 19,75% ao ano. Considerando-se a inflação projetada para os próximos 12 meses, os chamados juros reais (a Selic menos a inflação) atingem estapafúrdios 14,95%.
Não se deve esquecer que há quatro meses os índices que medem as variações de preços no atacado (IGP) vêm registrando deflação. O objetivo de 5,1% defendido pelo BC para este ano mostra-se factível e a expectativa dos mercados para 2006 é de uma inflação de 4,8% -número muito próximo da meta de 4,5%. A única dúvida, portanto, é saber se o Copom irá optar por uma redução de 0,25 ou de meio ponto percentual.
A reunião deste mês ocorre num momento em que se vai ampliando a avaliação de que o BC foi longe demais na elevação da taxa básica. Com efeito, o secretário do Tesouro, Joaquim Levy, declarou ao jornal "Valor Econômico" que a redução da inflação tem sido fortemente influenciada pela taxa de câmbio e que esta não seria fruto direto da elevação dos juros, mas principalmente da entrada de dólares decorrente do desempenho do setor externo, beneficiado pelo elevado patamar das cotações de commodities. Em sua opinião -e trata-se de um economista reconhecidamente ortodoxo- o BC poderia ser "um pouco mais ambicioso" em relação aos juros.
Estamos, portanto, diante do reconhecimento implícito, por parte de um membro da equipe econômica, de que a política monetária vem, desnecessariamente, onerando a dívida pública e gerando dificuldades para o setor produtivo. Esperemos que o Copom anuncie amanhã um corte de meio ponto, dando um sinal claro de que não pretende insistir no erro.

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