Entrevista:O Estado inteligente

segunda-feira, setembro 12, 2005

EDITORIAL DA FOLHA DE S PAULO FALTAM MUITOS

Analistas políticos são mais ou menos unânimes em afirmar que as 18 cassações de parlamentares propostas pelas CPIs dos Correios e do Mensalão são uma espécie de teto das punições. A elas agora vem somar-se a provável destituição do mandato de Severino Cavalcanti (PP-PE), enredado nas tramas de seu próprio "mensalinho".
Não há razões para duvidar dessas análises. Existem, contudo, inúmeros motivos para que a sociedade civil cobre mais seriedade nas investigações, o que fatalmente ampliaria bastante a lista dos puníveis.
É escandaloso, por exemplo, que nomes contra os quais já surgiram fortes indícios de envolvimento em desvios, como o senador Eduardo Azeredo (MG), presidente nacional do PSDB, e o deputado Ronivon Santiago (PP-AC), não constem da relação de "cassáveis". É preciso também debruçar-se sobre o caso do deputado Gonzaga Patriota (PSB-PE), que parece emaranhado nas mesmas ilicitudes cometidas por Severino.
Fosse essa uma investigação mais independente e corajosa, estaria em curso um inquérito sobre os recebedores institucionais, isto é, aqueles personagens que foram beneficiados com recursos repassados por Marcos Valério na qualidade de representantes de partidos, como José Janene (PP-PR), Sandro Mabel (PL-GO) e José Borba (PMDB-PR), entre outros. Se a história contada pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) é em muito verdadeira, como vem se mostrando até aqui, o dinheiro recebido por essas figuras foi repassado a outros parlamentares, cujos nomes precisam ser identificados e cujas carreiras devem ser cortadas.
É igualmente acintoso que as apurações não avancem em direção aos corruptores. Ou alguém realmente acredita que o dinheiro que abasteceu os parlamentares e amigos do PT é o resultado de empréstimos obtidos por Marcos Valério? Esse, contudo, por razões fáceis de imaginar, não é o primeiro escândalo em que a origem dos recursos é oportunamente esquecida nas investigações.
Ainda que se afirme o contrário, a indicação de apenas 18 deputados já caracteriza a tão negada "pizza".

Arquivo do blog