Forjado nas ruas, PT dá as costas para a sociedade e sai de cena abraçado a Severino Duas cenas do dia de ontem deram a medida das dificuldades - talvez até impossibilidades - que o PT terá para, senão conquistar, pelo menos conversar com a opinião pública nas próximas eleições. Numa delas, um prócer do partido, o ex-presidente José Genoino, despido da antiga loquacidade, compelido pelas circunstâncias a restringir os pensamentos, medir e pesar as palavras antes de pronunciá-las, repetia na CPI da Compra de Votos o patético exercício da tergiversação. Era a representação de um partido que não pode falar, não tem como se explicar, limita-se, portanto, a negar tudo por medo de que qualquer frase fora de hora ou lugar possa piorar ainda mais a situação de seus representantes nos Poderes Executivo e Legislativo. Trata-se, nisso, de um arremedo da antiga sigla sempre tão transparente e eloqüente. A outra cena mostrou o lugar exato escolhido pelo PT no espetáculo em cartaz: de costas para a sociedade, de mãos dadas com os outros partidos que não vêem mal algum nas acusações de extorsão contra o presidente da Câmara e abraçado a Severino Cavalcanti. Petistas integrados ao grupo de legendas que têm deputados com a cabeça a prêmio e, por isso, não querem confusão com Severino nem acham prudente nesta altura sentar praça em ambiente de punições. Temos, aqui, algo que nem de longe se parece com a sombra de um partido erguido na defesa das causas de identificação popular, em consonância com as ruas, um guerreiro do bom combate. É bem possível que o próprio PT já tenha consciência de que não terá tão cedo como voltar a pedir confiança ao eleitorado e, por isso, não exiba mais réstia de pejo em abraçar causas perdidas. A causa de Severino representa um ápice no recente processo de ensurdecimento galopante do PT no que tange ao som vindo das ruas. Outros dois episódios confirmam o procedimento: a tentativa de impedir as investigações a respeito das denúncias do ainda deputado Roberto Jefferson e a ausência de punições aos petistas já comprovadamente culpados em ações fraudulentas. Talvez a certeza da impossibilidade de qualquer dos integrantes da lista de cassações voltar a se eleger pelo PT os mantenha firmes a bordo de seus mandatos, sem renunciar. Sim, porque um petista é diferente de um Bispo Rodrigues, de um Valdemar da Costa Neto em termos de relacionamento com o eleitor. Estes, com dinheiro e muita enganação, têm chance - a história recente do Parlamento exibe exemplos - de conquistar um novo mandato. Já personagens como José Dirceu, João Paulo Cunha e outros mais nem às ruas podem sair ou os aeroportos freqüentar sem constrangimento, que dirá pedir votos a quem quer que seja. Estão em situação bem pior que seus novos companheiros de cruzada, José Janene, José Borba, Pedro Correia, Roberto Jefferson, Severino Cavalcanti e companhia, pois perderam algo que um dia tiveram: reputação e um nome a zelar. Contraponto Enquanto na CPI da Compra de Votos José Genoino se esvaia em evasivas, na CPI dos Bingos a deputada Cidinha Campos dava nome, sobrenome, endereço e CPF dos políticos envolvidos com corrupção de jogo e combustíveis no Rio de Janeiro. Sobre Waldomiro Diniz, personagem onipresente naquela comissão, a deputada simplesmente atribuiu a ele crimes de corrupção e assassinato. À comissão não sobrou alternativa: ou segue as pistas ou dá por encerrados os trabalhos. Barreira Mais que a confirmação da queda da popularidade do presidente da República - uma tendência já firmada -, chama atenção na pesquisa CNT/Sensus o crescimento daqueles que vêem aumento grande de corrupção no governo atual. Eram 20,2% em julho e agora são 35,9%, quase o dobro. Ao relacionar o nome à pessoa, 39,1% associam a corrupção ao PT, que consegue ganhar neste quesito do Congresso, com 24,2% das referências. Lula fica com 13,5% e o seu governo com 10,7%. Já o número dos que acreditam no perfeito conhecimento de tudo por parte do presidente foi de 33,6% em julho para 49,5% em setembro. Esses números não indicam bom destino ao PT em 2006. Caso sério Levar à sessão da CPI um coronel torturador para supostamente perturbar José Genoino não foi a primeira nem a segunda, e também não será a última, que o deputado Jair Bolsonaro apronta nas dependências do Parlamento. Entra mandato sai mandato, Bolsonaro é sempre um soldado a serviço da grosseria e da descompostura. Nunca a Mesa Diretora tomou providências - motivos para processo por quebra de decoro ele já deu vários - e pelo jeito assim será até o dia em que o deputado em seu desatino ponha em risco a vida de alguém.
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Entrevista:O Estado inteligente
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quarta-feira, setembro 14, 2005
DORA KRAMER Paladino de causas perdidas
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