Entrevista:O Estado inteligente

sábado, setembro 17, 2005

CLÓVIS ROSSI A ilusão e 2006

FOLHA DE S PAULO
 SÃO PAULO - Editorial de quinta-feira do jornal alemão "Berliner Zeitung" diz que "votar não é um ato ditado pela razão; é a expressão de um sentimento ou de uma ilusão, talvez de uma esperança".
Trata-se, como é óbvio, de comentário sobre a eleição alemã de domingo. Não deixa de ser curioso que o jornal de um país estereotipado como frio, pouco dado a exteriorizar emoções e dotado de grande racionalidade advogue sentimentos mais, digamos, latino-americanos.
Mais curioso ainda pelo fato de que a disputa se dá entre personalidades relativamente cinzentas, pouco propícias, portanto, a suscitar emoções fortes.
No caso, o atual chanceler Gerhard Schroeder, que busca a re-reeleição e, portanto, esgotou no percurso o estoque de emoções, e a candidata conservadora Angela Merkel.
Daria até para pensar que o fato de uma mulher, pela primeira vez, estar na bica para ganhar a chefia do governo na Alemanha introduziria a emoção e a esperança antevista pela "Berliner Zeitung".
Não é bem assim. A proposta mais, digamos, emocionante de Merkel é a introdução de uma "flat tax" (variação do imposto único). Nem toda a racionalidade dos alemães os faria descabelar-se contra ou a favor desse tipo de proposta.
Tampouco é razoável supor que a emoção venha do fato de uma nova formação de esquerda estar no páreo, também pela primeira vez em muito anos. Não colou o suficiente para ter chances reais de vencer.
Resta supor, então, que eleição e emoção são sinônimos, mesmo na Alemanha. O que dirá, então, do Brasil, em que o emocionalismo está sempre à flor da pele?
Será que 2006 ficará limitado aos candidatos hoje visíveis, com o baixo teor de emoções que oferecem? Quem encarnará a ilusão, no bom e/ou no mau sentido da palavra?

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