Tudo indica que o Mercosul não poderá ser um instrumento de negociação para os acordos sobre energia, diante da movimentação política liderada por Hugo Chávez e seus seguidores, sobretudo na América do Sul, como Nestor Kirchner, da Argentina e Evo Morales, na Bolívia.
Se um dos principais motivos, tanto da União Européia quanto dos Estados Unidos, para buscar na chamada "energia verde" alternativa ao petróleo é se livrarem das questões políticas, uma negociação envolvendo Chávez nem começaria.
Não é à toa, portanto, que no acordo entre Brasil e os Estados Unidos, está dito que a América Central e o Caribe são as regiõeschave escolhidas para um trabalho conjunto para levar os benefícios dos biocombustíveis.
Regiões de influência geopolítica claramente norte-americana.
Os países dessas regiões serão selecionados por meio de estudos de viabilidade e assistência técnica “que visem a estimular o setor privado a investir em biocombustíveis”. Já existe uma idéia de escolher um país da América Central para o desenvolvimento de um projeto piloto, provavelmente El Salvador.
Os setores privados dos dois países já possuem uma parceira naquele país, a ARFS (American Renewable Fuel Supliers), uma usina desidratadora de álcool localizada em Donsonate, com capitais de empresas brasileiras, americanas e salvadorenhas.
Mas as questões polêmicas não ficam protegidas nesse projeto geopolítico dos Estados Unidos. Provavelmente o governo brasileiro, na próxima viagem de Lula à Venezuela em abril, que foi anunciada sexta-feira, certamente não por acaso, quererá fazer algum tipo de acordo sobre biocombustível com o governo de Chávez, para não assumir oficialmente o lado americano, nessa política externa de balanceamentos.
Como Chávez e Fidel já anunciaram acordos para a construção de usinas de etanol na Venezuela, não seria de estranhar que o Brasil também aderisse, dando seguimento a um antigo projeto de etanol já assinado com a Venezuela. Esse acordo entre Cuba e Venezuela intenciona neutralizar um objetivo de longo prazo do governo americano, o de acenar com a inclusão de Cuba no vasto programa de biocombustíveis do Caribe, numa futura transição da ditadura castrista para um regime democrático.
Mas, para além dos gestos simbólicos, o que temos que fazer é traçar um planejamento estratégico de longo prazo para organizar nossa produção e aprofundar as pesquisas tecnológicas.
O Brasil tem vastas extensões de terra agriculturáveis que podem ser utilizadas na plantação de cana de açúcar e oleaginosas, mas, como lembra o leitor Joaquim F. de Carvalho, do Instituto de Eletrotécnica e Energia, da USP, é preciso pensar nos problemas que certamente surgirão, tais como a competição entre a produção de alimentos e a produção de “combustíveis verdes”, a disponibilidade não apenas de terras mas também de água para tudo isso, a salinização dos solos e a contaminação dos lençóis freáticos, provocada pelos processos produtivos dos “combustíveis verdes”.
Também o deputado paulista Arnaldo Jardim vicelíder do PPS e membro da Comissão de Energia lembra que é fundamental implantarmos medidas estruturais de mercado no Brasil, como: estoques reguladores administrados pela iniciativa privada, contratos de comercialização de longo prazo e uma carga tributária unificada para o álcool em todo território nacional.
Em relação ao financiamento da produção nacional, ele defende a ampliação dos recursos destinados à pesquisa e desenvolvimento de novos processos de produção, mais limpos e eficientes. Assim como retomarmos as linhas de crédito para compra de maquinário, a exemplo do Moder frota.
Também não podemos esquecer, diz o deputado, da importância do seguro rural, que poderia servir de lastro para os contratos de compra e venda. Outra questão de suma importância para ele são os investimentos em transporte e logística, com álcooldutos, ferrovias e hidrovias, para baratear e melhorar o escoamento da produção.
No memorando de entendimentos assinado na sextafeira, ficou definido que a expansão do mercado de biocombustíveis será feita por meio da cooperação para o estabelecimento de padrões uniformes e normas.
Esses parâmetros serão discutidos no Fórum Internacional de Biocombustíveis, que reúne, além do Brasil e dos Estados Unidos, a União Européia, a China e a Índia. O Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade do Brasil ( Inmetro) e o Instituto Norte-Americano de Padrões e Tecnologia (Nist) serão os órgãos responsáveis pela definição dos padrões.
Eles já têm um programa de cooperação em Metrologia e Padrões para Biocombustíveis, para ampliar o conhecimento científico e tecnológico dos biocombustíveis, especialmente sobre seus atributos mais relevantes, como conteúdo energético, efeitos sobre meio ambiente e sobre a saúde. Vários pontos já estão definidos, como criar um fórum técnico de alto nível para a troca de experiências de organizações do Brasil e dos Estados Unidos.
A troca de informações facilitará também a adoção de padrões e normas comuns, e a redução de barreiras técnicas. Aliás, uma das principais preocupações dos dois órgãos é promover ações conjuntas para atacar barreiras técnicas ao uso de biocombustíveis, relacionadas a medições, padrões e normas.
À medida que esses padrões ganharem credibilidade internacional, novos mercados potenciais, como o asiático, serão incorporados.
Todas essas medidas têm um objetivo: transformar os biocombustíveis em comodities, comercializáveis globalmente.
Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
Arquivo do blog
-
▼
2007
(5161)
-
▼
março
(523)
- VEJA Carta ao leitor
- Anna Nicole Smith: a morte foi acidental
- O avanço das hidrelétricas na Amazônia
- A revolução do contêiner
- Malharias catarinenses ganham as passarelas
- Betty Milan, a nova colunista de VEJA
- Hormônios sintéticos contra o envelhecimento
- Médicos receitam estatinas até para crianças
- Quilombolas de todas as cores pleiteiam terras
- Aviação Agora parou de vez
- Atentado contra estudantes africanos em Brasília
- Partidos A fidelidade partidária em julgamento
- Trevisan denunciado por ex-companheiros
- Rabino Henry Sobel é preso por furto
- Roberto Pompeu de Toledo
- Diogo Mainardi
- André Petry
- MILLÔR
- Claudio de Moura Castro
- VEJA Entrevista: Constantino Junior
- Cindacta, a bomba por Guilherme Fiuza
- Dentro do cofre do PCC
- Feitos para crer
- A Gol e a goleada de Constantino Júnior
- Apagão aéreo: Lula entrega tudo o que os controlad...
- Miriam Leitão Razão do avanço
- MERVAL PEREIRA -Visão social
- DORA KRAMER Vacância de responsabilidade
- RUY CASTRO
- FERNANDO RODRIGUES
- CLÓVIS ROSSI
- Leôncio Martins Rodrigues Não dá mais para ignorar...
- Colunas O Globo
- Opinião Estadão
- Dora Kramer - O santo ainda é de barro
- Opinião Folha
- Colunas Folha
- REINALDO AZEVEDO Lula estatiza a isenção jornalist...
- Devagar, quase parando Villas-Bôas Corrêa
- PIB ainda por esclarecer
- Os paradoxos do novo PIB
- Os contratos na Bolívia
- Muito oba-oba para pouco PIB
- Força para os partidos
- Começou a reforma política
- Dora Kramer - Justiça tenta outra vez
- Celso Ming - Melhor na foto
- Alberto Tamer - Irã, em crise, raciona gasolina
- Merval Pereira - Novo patamar
- Míriam Leitão - Visão global
- Pela moralização
- A ministra pode esperar sentada
- Benefícios para a elite- Carlos Alberto Sardenberg
- Indústria, o patão feio do PIB "novo"
- Eliane Cantanhede - Na mosca
- Clóvis Rossi - A pergunta que falta a Lula
- A ONDA POPULISTA por Jorge Bornhausen
- Vôo cego
- Aversão ao cotidiano
- Míriam Leitão - Nova fotografia
- Merval Pereira - Procurando caminhos
- Élio Gaspari - Nem Salazar nem Cunhal. Viva Sousa ...
- Villas-Bôas Corrêa Os três poderes no compasso da...
- Aviões desgovernados
- O debate político e o PIB "novo"
- Peripaque: confissões
- Protestos fúnebres - Ruy Castro
- Clóvis Rossi - Dar entrevista não dói
- Fernando Rodrigues - "Democratas"
- Lula e o apagão aéreo
- CELSO MING Eletrocardiograma de um vivo
- Racismo de Estado por DORA KRAMER
- A lógica do julgamento político
- Valerioduto desviou R$ 39 mi do BB, diz PF
- Entrevista:Demétrio Magnolli- 'É uma incitação ao ...
- 'Não é racismo quando um negro se insurge contra u...
- REINALDO AZEVEDO Matilde e a revolução
- INFINITO ENQUANTO DURA por Adriana Vandoni
- A ministra Matilde Ribeiro tem de ser demitida e p...
- Energia empacada e falta de luz
- Clóvis Rossi - Estatizar o Estado
- Eliane Cantanhede - Multiplicação de aliados
- Painel - Permuta
- Produtor de água- Xico Graziano
- Dora Kramer - Padrão de (má) qualidade
- Celso Ming - A fatia do leão
- Concluir Angra 3
- A moeda de troca no Mercosul- RUBENS BARBOSA
- Pior mesmo é a brutal informalidade- JOSÉ PASTORE
- Míriam Leitão - Bela senhora
- Merval Pereira - Pulseira de segurança
- Luiz Garcia - Decisões longevas, vidas curtas
- Tarso e a verdade- Demétrio Magnoli
- Em cena, o Democratas- Ricardo Noblat
- Desejos, frustrações e distúrbios sociais
- Comemorando o quê?- Carlos Alberto Sardenberg
- Fernando Rodrigues - Lula e oportunidades perdidas
- Força a demonstrar
- Nas águas do futuro- José Serra
- Uma sociedade doente- Luiz Carlos Bresser-Pereira
-
▼
março
(523)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA