Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, março 28, 2007

Fernando Rodrigues - "Democratas"



Folha de S. Paulo
28/3/2007

O PFL muda hoje de nome. Vai se chamar Democratas.
A lei não exige mais das agremiações políticas a inclusão da palavra "partido" em seus nomes.
Essa obrigação esdrúxula surgiu no final da ditadura militar (1964-1985). Na transição, havia só dois partidos: a governista Arena (célula-tronco do PFL) e o MDB (a oposição consentida).
O pluripartidarismo voltou em 1980. Os militares e a Arena pretendiam dificultar a vida do MDB, cuja popularidade era crescente. Proibiram novas siglas sem Publisha palavra "partido". Assim, todos mudariam de nome. Deu tudo errado. O MDB virou PMDB. Acabou tendo ainda mais força.
Um fração da Arena se desgarrou.
Formou o PFL. Sem projeto claro, a sigla definha há quase uma década. Elegeu 105 deputados em 1998.
Caiu para 82 em 2002. No ano passado, só 65 cadeiras. Sofreu um ataque especulativo das agremiações lulistas. Desidratou-se e estacionou em 58 vagas na Câmara.
Na democracia, os pefelistas nunca chegaram ao poder central com quadros próprios. Esbaldavam-se com as gordas migalhas caídas das mesas de Sarney, Collor, Itamar Franco e FHC. Com Lula, estão à míngua. "É uma lipoaspiração", disse o pefelista Jorge Bornhausen sobre a perda de quadros.
Pode ser. O partido aproveita a silhueta mais leve e aposta em uma geração mais jovem. Rodrigo Maia, de 36 anos, será eleito hoje presidente nacional da legenda. Vai dar certo? Impossível dizer.
Olhando de perto e levando em conta o passado pefelista, o viés está mais para o fracasso. O partido não tem vínculos orgânicos com a sociedade. Até aí, nada de novo.
O mal maior ocorrerá se os pefelistas desmoralizarem também a palavra "democratas". Seria uma contribuição nefanda desse grupo para o já frágil conceito de democracia em vigor no país.

Arquivo do blog