O Estado de S. Paulo |
29/3/2007 |
balanço final da revisão metodológica ontem completada pelo IBGE é o de que a situação da economia está melhor do que os brasileiros imaginavam. O PIB é maior, a economia está crescendo mais, a capacidade de pagar a dívida pública ficou mais alta.A foto não melhora a realidade. Apenas mostra que a realidade é melhor do que a que vinha sendo percebida aqui e lá fora. Fica, também, mais fácil atingir os objetivos da política econômica, especialmente o de crescer perto dos 5% ao ano. Essa conclusão terá, evidentemente, impacto político. Como já vinha sendo enfatizado aqui em outras oportunidades, o presidente Lula tem tudo para ser um dos principais beneficiários desses novos números. As Contas Nacionais de 2006 ultrapassaram as expectativas. Nos últimos sete dias, os analistas imaginavam que o PIB recalculado pela nova metodologia cresceria algo em torno de 3,5%, acima dos 2,9% a que o IBGE havia chegado pelos critérios anteriores. O resultado final veio ainda melhor: crescimento de 3,7%.Em valores absolutos, a renda nacional (ou o valor de mercado de tudo quanto foi produzido no País no ano passado) atingiu R$ 2,3 trilhões. Como o câmbio médio de 2006 ficou abaixo de R$ 2,30 por dólar, segue-se que o PIB em dólares ultrapassou US$ 1 trilhão, número a que o Banco Central se encarregará de dar precisão. As novas informações mostraram que a indústria ficou para trás. A agropecuária avançou 4,1% (e não apenas 3,2%), o setor de serviços, 3,7% (e não apenas 2,4%) e a indústria ficou com um crescimento de 2,8% (e não de 3,0%). Há algo além do câmbio adverso travando o crescimento industrial. A forte concorrência do produto asiático (efeito China) pode ser o fator decisivo.De falta de demanda, a indústria não pode se queixar. O consumo das famílias cresceu (4,3% em 2006) mais do que o PIB, apesar dos juros e da carga tributária. É um empuxo a que a indústria não vem correspondendo. Como é sabido, vai sendo suprido em parte pelas importações.Surpresa foi o avanço do investimento (Formação Bruta de Capital Fixo), de nada menos que 8,7%. Investimento crescendo mais do que o consumo é bom sinal. Mostra que a economia está preparando seu amanhã.A principal conseqüência econômica dessa renda mais alta é a de que ficou comprovado que o brasileiro está em melhores condições para honrar seus compromissos porque a dívida caiu dos 50% do PIB para perto dos 45%.Os macronúmeros ganham, assim, algum brilho. Falta agora que o governo dos trabalhadores vá além do assistencialismo tosco e adote uma verdadeira política social no País.
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Entrevista:O Estado inteligente
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quinta-feira, março 29, 2007
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