Artigo - José Roberto Pinto de Góes |
O Globo |
29/3/2007 |
A ministra Matilde Ribeiro, na entrevista que concedeu à BBC Brasil, cometeu o crime de incitar o ódio racial entre os brasileiros. Ela disse que "não é racismo quando um negro se insurge contra um branco" e que acha "uma reação natural" um "negro" não querer conviver com um "branco". Sendo o crime de racismo inafiançável, ela pode ser presa. Mas esse seria um desfecho muito improvável para o caso. Certamente irá apenas engrossar as estatísticas segundo as quais há mais criminosos fora do que dentro das cadeias. Não será sequer demitida, pois a política do governo é esta mesma, de repartir o povo brasileiro em "etnias" e açular supostas diferenças e ignóbeis orgulhos raciais. A explicação para a "reação natural do negro" é a seguinte: "Quem foi açoitado a vida inteira não tem obrigação de gostar de quem o açoitou." É uma explicação sem sentido, pois parte da idéia de que os brasileiros de pele preta passam a vida a serem açoitados pelos de pele branca. Isso só existe na fantasia mórbida de uma minoria mal conduzida por palavras fáceis e interesses mesquinhos. Aqui fora, no Brasil real, somos misturados, temos orgulho disso e simplesmente não somos racistas. A ministra é paga para fazer o seu trabalho. Muita gente hoje em dia também é e isso explica muito os modos de tsunami com que essa onda racista varre e infelicita o nosso país. Há mil ONGs e instituições racistas, algumas muito importantes e ricas, como a Fundação Ford, que dão uma mãozinha na labuta pela sobrevivência. Não sou leviano, não digo que os militantes da causa racial se dispõem a incitar o racismo em troca de um prato de comida. A situação é mais grave: eles já chegam ao emprego convencidos de que a causa é justa. E, uma vez "incluídos", para que pensar?, para que deixar surgir a dúvida?, para que manter o espírito crítico atento? A esse destino se entregam pessoas de todas as cores, nem é preciso dizer - a falta de juízo não observa critérios raciais, está disponível a qualquer um. É lamentável que a Fundação Ford gaste dinheiro no Brasil com esse tipo de coisa (e também que faça o mesmo nos Estados Unidos), mas é inaceitável que todos nós contribuintes sejamos obrigados a garantir o sustento de um sem-número de funcionários e ativistas empenhados em levar a cabo um ambicioso e lunático projeto de reengenharia social destinado a nos fazer um país dividido entre negros e brancos, um país racista. É o que acontece. Todos nós pagamos o salário da ministra e os caraminguás de militantes custeados pela Petrobras e outras empresas estatais. Mas tudo isso vai passar. Ainda vão rasgar nosso dinheiro por algum tempo, mas não vamos perder essa guerra. A própria ministra Matilde Ribeiro reconheceu isso na mesma entrevista. Após elogiar o lugar de vanguarda do Brasil no campo da legislação pertinente, disse que "o que falta é mudança de postura das pessoas". Que a ministra espere sentada. Não vamos mudar, não vamos nos tornar pessoas racistas. Pode a televisão, o rádio e o jornal se cansarem de nos perguntar onde escondemos o nosso racismo. Não escondemos em canto nenhum, apenas e simplesmente não somos racistas. Nem estamos dispostos a sê-lo. |
Entrevista:O Estado inteligente
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quinta-feira, março 29, 2007
A ministra pode esperar sentada
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