Entrevista:O Estado inteligente

terça-feira, março 27, 2007

Painel - Permuta




Folha de S. Paulo
27/3/2007

Um mecanismo inovador de distribuição de recursos orçamentários está sendo usado pelo governo como forma de "fidelizar" parlamentares recém-chegados à base aliada e amaciar novatos da oposição. Trata-se de uma espécie de permuta em que eleitos para primeiro mandato substituem, na "administração" das emendas, conterrâneos que não se reelegeram.
Cada um tem até R$ 3 mi em emendas para "trocar" com ex-deputados. Quando a verba for liberada, o calouro pode indicar o município a recebê-la. "Com a escassez de recursos do Brasil, você não pode perder verbas já previstas no Orçamento", diz o líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO), um dos idealizadores do mecanismo -segundo ele, uma "idéia em construção", mas que já está em pleno funcionamento.

Fase de testes
Líderes da oposição afirmam que a permuta das emendas foi uma das cartadas usadas pelo governo para ajudar a enterrar a CPI do Apagão Aéreo. "Longe disso", nega Jovair Arantes.

DNA
O líder do governo, José Múcio (PTB-PE), e o ministro Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais) ajudam a formatar o acordo entre novos e ex-deputados.

Temos de pegar 1
"Natan, acho que vamos ficar com a Funasa!", festejou Osvaldo Reis (PMDB-TO) ao encontrar no cafezinho da Câmara o colega de bancada Natan Donadon (PMDB-RO). Os peemedebistas fazem de tudo para indicar o diretor da fundação, que concentra as emendas do Ministério da Saúde.

Temos de pegar 2
Donadon se interessou por mais detalhes. "O Danilo vai ficar lá", explicou Reis. "Quem é Danilo?", perguntou o colega. Resposta: "Ele é aquele que resolve". Trata-se de Danilo Forte, atual diretor-executivo da Funasa, indicado pelos deputados do PMDB para comandar a fundação.

Pepino
Recém-instalado na Agricultura, o PMDB já avisou que não abre mão do comando da Ceagesp. Desde o primeiro governo Lula, a central de abastecimento é loteada entre petistas de São Paulo.

Deságio
Defensores da gestão de José Carlos Pereira à frente da Infraero dizem com ironia que o maior problema da empresa não é o aparelho ILS, que pifou no aeroporto de Guarulhos, e sim o IEO, "Índice de Economia nas Obras" aplicado pelo brigadeiro. Fiscalização e renegociação de contratos reduziram o custo em quase 30% na comparação com o período de Carlos Wilson (PT-PE).

Mutirão
Do presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, em conversa com o governador Aécio Neves, que o visitou: "Não tenho dúvida de que o enfrentamento da violência é tarefa para todos. As Forças Armadas têm de participar".

Mantra
Sobre a paralisação da PF, amanhã, o ministro Paulo Bernardo (Planejamento) diz que o governo conversará -"como sempre fez"-, mas sem perder de vista uma "negociação mais duradoura", que inclua a regulamentação do direito de greve.

Jurisprudência
Eros Grau, do STF, concedeu ao PSOL liminar para que o partido mantenha sala e assessores na Câmara. No despacho, o ministro cita decisão do colega Celso de Mello sobre o direito das minorias. Em tempo: Mello é o relator do mandado de segurança da oposição contra o sepultamento da CPI do Apagão Aéreo, que invoca o mesmo princípio.

Território livre
O evento que marcará, amanhã, a transformação do PFL em "Democratas" será no auditório Petrônio Portela (Senado). Em seguida, o local abrigará a festa de 85 anos do PC do B.

Visita à Folha
Sérgio Cabral Filho (PMDB), governador do Rio de Janeiro, visitou ontem a Folha, a convite do jornal, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Ricardo Cota, subsecretário de Comunicação.

Tiroteio

"Para continuar a fazer demagogia com a revisão do PIB para cima, o governo federal terá de pagar o que está devendo à saúde".
Do deputado RAFAEL GUERRA (PSDB-MG), sobre o déficit de R$ 4 bilhões nos recursos destinados à saúde, vinculados à variação nominal do Produto Interno Bruto, que o IBGE elevou de 2,6% para 3,2% nos três primeiros anos do governo Lula.

Contraponto

Está contratado

O presidente do PDT e futuro ministro da Previdência, Carlos Lupi, estava em sua banca de jornais no Rio, em dezembro de 1979, quando Leonel Brizola, que acabara de voltar do exílio, chegou à procura de um diário gaúcho.
Lupi, então com 22 anos, não tinha o jornal, mas disse:
-Vou providenciar e levo para o senhor.
Minutos depois, lá estava ele com o exemplar no apartamento de Brizola, que agradeceu da seguinte forma:
-Você é muito eficiente, menino. Tome, aqui estão cem fichas de filiação ao meu partido. Procure seus conhecidos e volte amanhã com todas elas preenchidas.

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