Correio Braziliense
Deus queira não esteja se repetindo no Brasil o que Winston Churchill denunciou no histórico discurso de 5 de março de 1946 em Foulton, Missouri, nos Estados Unidos. O velho estadista inglês, a quem a democracia tanto deve no enfrentamento direto ao nazifascismo na Segunda Guerra Mundial, anunciou ao mundo o pesadelo que levaria quatro décadas para terminar: a Cortina de Ferro. Precisamente, de 1946 até novembro de 1989, com a queda do Muro de Berlim, foram 43 anos de incerteza e medo, período de tempo que não se dilui facilmente na História, apesar da velocidade que vivemos desde o século passado.
A Cortina de Ferro, que na época ninguém ainda havia tido coragem de admitir, transformou nações livres e identidades culturais riquíssimas em satélites sem voz e sem voto, dominadas pela violência, a delação e o medo. Não apenas dividiu o mundo, mas escravizou povos livres sob o tacão stalinista. Principalmente, prenunciou o início da Guerra Fria mantendo o mundo sob ameaça de uma guerra nuclear que por muito pouco não ocorreu.
Em março de 1946, Churchill disse: “Eis que uma cortina de ferro foi arriada sobre o continente europeu...” Naqueles dias, com o mundo cansado de batalhas cruentas em terra, mar e ar, e com as cicatrizes recentes da Segunda Guerra, o conflito que havia sido encerrado com a explosão das primeiras bombas atômicas, Churchill disse o que ninguém queria ouvir.
Na contramão do otimismo, admitiu que estava iniciada nova guerra. Em vez de mentiras convenientes, preferiu “a verdade inconveniente.” Felizmente, como todas as verdades, as verdades inconvenientes, por mais dolorosas, precisam apenas de tempo para serem comprovadas. Vivemos hoje situação assemelhada à que experimentava a humanidade em 1946.
Eis que uma onda populista se abate sobre o Brasil. Não é o que queremos ouvir e, muito menos, acreditar. É péssima constatação. Finalmente, não queremos perder as garantias constitucionais nem deixar de desfrutar de uma ordem legal que jamais experimentamos.
A Nova República, que ajudamos a conquistar e implantar nestes 20 anos, seja no governo, seja na oposição, criou excepcionais condições de desenvolvimento político ao país, com imperfeições que podem ser perfeitamente superadas se não formos atropelados por ondas de corrupção e cinismo, pela negação da ética e da moral, pela incompetência e loteamento da administração entre grupos tratados como se fossem quadrilhas, jamais expressões político-partidárias ou ideológicas.
Esse avanço civilizatório está ameaçado pela onda populista. Infelizmente, não como profeta, avisando o que se pode evitar que aconteça, mas, como testemunha atenta da realidade – venho chamar a atenção para o fato de que o populismo já estende sobre o país sua sombra aliciadora, falsamente cordial. Acena com a convivência fraternal, facilitando negócios e fechando os olhos aos golpes para chantagear os inescrupulosos que se julgam espertos.
O populismo não tem bandeira, e a experiência brasileira do Estado Novo mostra que não foram apenas democratas, liberais, socialistas e conservadores que amargaram perseguições. Radicais extremistas, tanto comunistas como fascistas, depois de usados como pretextos pelo governo, foram perseguidos, torturados e assassinados justamente quando imaginavam ser mais fácil assaltar revolucionariamente o poder.
Devemos reconhecer que o populismo que se abate sobre o Brasil já controla o governo. Prevaleceu nas últimas eleições e avança, sorrateiramente, aos poucos, por todas as classes econômicas e sociais, corrompendo, aliciando, degradando, ampliando lucros, ameaçando a classe média, ludibriando os mais pobres, esgarçando o tecido político-social para dominá-lo mais facilmente. O populismo é a pior das doenças que pode acometer uma democracia.
Deus queira não esteja se repetindo no Brasil o que Winston Churchill denunciou no histórico discurso de 5 de março de 1946 em Foulton, Missouri, nos Estados Unidos. O velho estadista inglês, a quem a democracia tanto deve no enfrentamento direto ao nazifascismo na Segunda Guerra Mundial, anunciou ao mundo o pesadelo que levaria quatro décadas para terminar: a Cortina de Ferro. Precisamente, de 1946 até novembro de 1989, com a queda do Muro de Berlim, foram 43 anos de incerteza e medo, período de tempo que não se dilui facilmente na História, apesar da velocidade que vivemos desde o século passado.
A Cortina de Ferro, que na época ninguém ainda havia tido coragem de admitir, transformou nações livres e identidades culturais riquíssimas em satélites sem voz e sem voto, dominadas pela violência, a delação e o medo. Não apenas dividiu o mundo, mas escravizou povos livres sob o tacão stalinista. Principalmente, prenunciou o início da Guerra Fria mantendo o mundo sob ameaça de uma guerra nuclear que por muito pouco não ocorreu.
Em março de 1946, Churchill disse: “Eis que uma cortina de ferro foi arriada sobre o continente europeu...” Naqueles dias, com o mundo cansado de batalhas cruentas em terra, mar e ar, e com as cicatrizes recentes da Segunda Guerra, o conflito que havia sido encerrado com a explosão das primeiras bombas atômicas, Churchill disse o que ninguém queria ouvir.
Na contramão do otimismo, admitiu que estava iniciada nova guerra. Em vez de mentiras convenientes, preferiu “a verdade inconveniente.” Felizmente, como todas as verdades, as verdades inconvenientes, por mais dolorosas, precisam apenas de tempo para serem comprovadas. Vivemos hoje situação assemelhada à que experimentava a humanidade em 1946.
Eis que uma onda populista se abate sobre o Brasil. Não é o que queremos ouvir e, muito menos, acreditar. É péssima constatação. Finalmente, não queremos perder as garantias constitucionais nem deixar de desfrutar de uma ordem legal que jamais experimentamos.
A Nova República, que ajudamos a conquistar e implantar nestes 20 anos, seja no governo, seja na oposição, criou excepcionais condições de desenvolvimento político ao país, com imperfeições que podem ser perfeitamente superadas se não formos atropelados por ondas de corrupção e cinismo, pela negação da ética e da moral, pela incompetência e loteamento da administração entre grupos tratados como se fossem quadrilhas, jamais expressões político-partidárias ou ideológicas.
Esse avanço civilizatório está ameaçado pela onda populista. Infelizmente, não como profeta, avisando o que se pode evitar que aconteça, mas, como testemunha atenta da realidade – venho chamar a atenção para o fato de que o populismo já estende sobre o país sua sombra aliciadora, falsamente cordial. Acena com a convivência fraternal, facilitando negócios e fechando os olhos aos golpes para chantagear os inescrupulosos que se julgam espertos.
O populismo não tem bandeira, e a experiência brasileira do Estado Novo mostra que não foram apenas democratas, liberais, socialistas e conservadores que amargaram perseguições. Radicais extremistas, tanto comunistas como fascistas, depois de usados como pretextos pelo governo, foram perseguidos, torturados e assassinados justamente quando imaginavam ser mais fácil assaltar revolucionariamente o poder.
Devemos reconhecer que o populismo que se abate sobre o Brasil já controla o governo. Prevaleceu nas últimas eleições e avança, sorrateiramente, aos poucos, por todas as classes econômicas e sociais, corrompendo, aliciando, degradando, ampliando lucros, ameaçando a classe média, ludibriando os mais pobres, esgarçando o tecido político-social para dominá-lo mais facilmente. O populismo é a pior das doenças que pode acometer uma democracia.