BRASÍLIA - Bush chega na quinta a São Paulo, Lula vai no dia 31 a Washington. Enquanto Hugo Chávez envolve o argentino Néstor Kirchner, o boliviano Evo Morales e o equatoriano Rafael Correa com o petróleo, Lula e Bush se abraçam com o biocombustível.
Brasil e EUA discutem a padronização do seu etanol, condição essencial para transformar o produto em "commodity", colocá-lo, por exemplo, na Bolsa de Chicago e fazer uma bela parceria para sair por aí distribuindo biocombustível e usinas para América do Sul, América Central, Caribe e África, que precisam desesperadamente de energia alternativa, de tecnologia e de ajuda financeira para crescer, criar empregos e parar de jogar gente nos países desenvolvidos, sobretudo nos EUA.
Chávez conversa com seus parceiros olhando de cima do seu petróleo para baixo. Lula tenta conversar com Bush de igual para igual sobre a tecnologia brasileira do álcool e dos carros flex (movidos a gasolina e a álcool), propondo uma parceria que vá além das fronteiras dos dois países e se estenda pelo continente até chegar à África.
Pode parecer megalomania, mas não é. Trata-se de uma pretensão viável sob o ponto de vista econômico e comercial, além de fazer todo o sentido geopolítico. Para o Brasil, por ser uma arma de liderança.
Para os EUA, por ser uma forma para fugir da armadilha do petróleo, já que os árabes e a Venezuela são seus principais fornecedores e não lhes parecem nada confiáveis. Muito pelo contrário.
De quebra, Bush e Lula, ou Lula e Bush, como prefere o Itamaraty, vão tratar de desenrolar a Rodada Doha de negociações comerciais no âmbito da OMC (Organização Mundial do Comércio). Os técnicos trabalham freneticamente. Se os dois presidentes derem um empurrãozinho político, a coisa arranca. E a relação Brasil-EUA já vai longe, como raramente se viu.
Entrevista:O Estado inteligente
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domingo, março 04, 2007
ELIANE CANTANHÊDE Bush e Lula, ou Lula e Bush
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