Entrevista:O Estado inteligente

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Miriam Leitão Clima: o Brasil está perdendo tempo e dinheiro

O Brasil está perdendo oportunidades no mercado de crédito de carbono. Está perdendo todas as chances do novo mundo que se abre com o aumento da preocupação com o aquecimento global.

A China, que é o segundo maior poluidor do mundo, que usa o carvão como matéria prima, está na ofensiva captando recursos para o mercado de crédito de carbono, está construindo agora esse Fundo do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo.

Para voces terem uma idéia de como o Brasil está "bobeando" nisso, a própria idéia do MDL foi uma proposta conjunta do Brasil e dos Estados, e que nasceu de uma idéia original do Brasil. É o MDL que criou o comércio de carbono: ou seja, quem polui pode comprar a redução do carbono investindo num projeto limpo, numa nova tecnologia, num projeto de reconstrução de matas nativas. Por ser um dos "inventores" da idéia tinha que estar correndo na frente. Mais do que isso, sendo o que é: o país com mais biodiversidade, sede de 62% da maior floresta tropical do mundo, pioneiro em biocombustíveis tinha que estar trabalhando para grudar em sua imagem a idéia de combate as mudanças climáticas, de proteção e conservação.

E o que faz o Brasil? Recusa metas de desmatamento da Amazônia, diz que preservou mais que os outros, por isso não pode ter qualquer tipo de limitação, diz que sua energia é hidrelétrica e renovável, recusa qualquer clausula ambiental em acordos internacionais. Enfim, passa o tempo todo na defensiva.

Tinha que ir para a ofensiva por estratégia de marketing. Aceitar sim metas, oferecidas voluntariamente, para acabar com o absurdo do desmatamento feito como é feito hoje; tinha que ser ativo e atuante no mercado de carbono, tinha que perceber que, aceite ou não cláusula ambiental, a questão está posta: o consumidor começará a recusar produtos fabricados de forma lesiva ao meio ambiente.

O berço de fato é esplêndido, o país de fato é gigante, mas o problema é passar o tempo todo deitado no berço esplêndido sem tirar proveito dele e vendo ele ser destruído diariamente.

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