Entrevista:O Estado inteligente

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

MELCHIADES FILHO Esquerda festiva

BRASÍLIA - O mensalão ainda causa embaraços entre o eleitorado da classe média e nas grandes cidades. Lideranças do PT concluem que, para crescer, é preciso tirar o pó da cartilha dos anos 80 e centrar fogo na mobilização das "massas desorganizadas" contempladas pelo Bolsa Família. A palavra "socialismo" reaparece no documento de todas as correntes e vira título do vídeo de aniversário do partido.
Novidade da legislatura, o bloquinho (PSB, PCdoB e quetais) tenta se estabelecer como trampolim de um candidato à Presidência. Dele partem os alertas mais estridentes sobre os "riscos à população" embutidos no PAC. Ciro Gomes, o principal nome, manteve-se de fora dos ministérios para ficar de prontidão na Câmara para criticar os "refluxos conservadores" do governo.
Já se falou do governador pragmático, a quem interessaria abafar as investigações do caso sanguessuga/dossiê, amestrar a Assembléia Legislativa e azeitar o convívio com o Planalto. Mas outra teoria na praça diz que Serra se aproximou do PT como uma estratégia de "posicionamento de mercado". Se não dá para convencer o público de que ele é e sempre foi menos conservador do que Lula, ao menos fixa distância do "privatista" FHC.
O PSDB, subitamente envergonhado, começa a se afastar do PFL. Este abandona o "liberal" e adota o nome do partido "menos de direita" dos EUA. O PDT vira braço político das centrais sindicais que ainda não baixaram os megafones. O PTB retoma causas dos celetistas.
Um a um, os partidos deslocam os palanques para a esquerda. Traumatizados pelo segundo turno de 2006 e/ou atordoados pela popularidade recorde (e ainda ascendente) do presidente, eles se acotovelam para radicalizar ou no mínimo mimetizar o discurso de Lula.
Não espanta que o Planalto tenha avisado que não precisa mais da reforma política. Agora são todos pelo social e ninguém pelo debate.

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