Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

Clóvis Rossi - Andando em círculos




Folha de S. Paulo
16/2/2007

Depois do editorial de ontem em que a Folha alinhava 12 propostas capazes de melhorar a segurança pública, não há muito mais o que dizer a respeito do tema que se tornou quase uma obsessão nacional após o assassinato do menino João Hélio.
Além do editorial, o extraordinário analista que é Contardo Calligaris fez um contundente balanço da hipocrisia com que a sociedade (não apenas a brasileira, aliás) trata o tema da prisão, como suposto fator de reeducação, seja de maiores, seja de menores.
Enfim, como diria Dadá Maravilha, artilheiro dos anos 70, a "problemática" está toda à mesa. Que venha, pois, a "solucionática".
Virá? Duvido. Um dos melhores instantâneos do que é o Brasil foi capturado em pequena nota publicada na terça-feira no caderno Dinheiro desta Folha. Dizia a abertura do texto: "Criado para discutir uma solução para o sistema previdenciário no Brasil, que acumula um rombo de R$ 42 bilhões, o Fórum Nacional da Previdência Social foi instalado ontem com discursos marcados muito mais pelo que governo e trabalhadores não aceitam fazer do que por possíveis alternativas para os próximos anos".
Vale para a Previdência, vale para quase tudo o mais, segurança inclusive. A cada tema que entra na agenda, fica-se com a nítida sensação de que o país sabe o que não quer, mas não sabe o que fazer nem para evitar o que não quer (o descontrole da segurança pública, por exemplo) nem para implantar o que quer (uma reforma política minimamente decente, para citar outro tema constante).
Terceiro exemplo: educação. Melhorá-la é prioridade de todo mundo, mas, por incrível que pareça, conseguiu é piorar nos últimos dez anos.
O país anda em círculos. Por isso, ou não sai do lugar, ou vai para trás, como no caso da violência.

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