Entrevista:O Estado inteligente

terça-feira, novembro 07, 2006

Eliane Cantanhede - Mau tempo



Folha de S. Paulo
7/11/2006

Vai embora a crise dos aeroportos que afetava os usuários, mas fica o desconforto nas relações entre as áreas civil e militar.
Dilma Rousseff (Casa Civil), Waldir Pires (Defesa) e Luiz Marinho (Trabalho) se uniram para apresentar uma proposta de desmilitarização do Controle Integrado de Defesa e do Tráfego Aéreo, partindo o sistema em dois. Um, o de defesa do espaço aéreo, é questão de soberania nacional e deve permanecer necessariamente militar.
Pelo menos o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Luiz Carlos Bueno, pensa assim. Ele e Waldir Pires se falam todos os dias sobre as soluções de emergência para normalizar o controle de tráfego aéreo. Mas não sobre o futuro.
A Aeronáutica tentou envolver o Exército, agradecendo o empenho na busca dos corpos do Boeing da Gol e passando a sensação de que as Forças estão unidas e coesas -como sempre. Escaldado por outras crises, o comandante Francisco Albuquerque tirou o corpo fora.
Sendo assim, o brigadeiro Bueno começou a semana com os aeroportos aparentemente pacificados, mas sentindo-se isolado. Ele tentou ontem, sem sucesso, articular uma nota conjunta com o Exército para mostrar aos cidadãos, às cidadãs e à área civil do governo que está tudo às mil maravilhas.
Talvez não tanto. Bueno era tido como pule de dez para permanecer no Comando da Aeronáutica, mas a crise pode ter abalado a certeza. Começa a bolsa de apostas. Como "antigüidade é posto", o primeiro da fila para substituí-lo é o brigadeiro Junite Saito, chefe do Estado-Maior da Aeronáutica, cotado também para o Superior Tribunal Militar. E o mais forte é o brigadeiro William de Barros, comandante-geral de Operações Aéreas.
Qualquer mudança só seria, ou será, no início do segundo mandato, e é improvável que Lula troque apenas um dos comandantes. Ou troca os três ou não troca nenhum.

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