Entrevista:O Estado inteligente

domingo, novembro 12, 2006

ELIANE CANTANHÊDE "Turma do Amorim"

BRASÍLIA - Se há uma área do governo que Lula trata bem é o Itamaraty -e no segundo mandato não será diferente. O presente que ele anuncia agora é especialíssimo: pela primeira vez, em décadas, todas as embaixadas brasileiras no exterior serão comandadas por diplomatas de carreira. Trata-se, mais do que reivindicação, de um antigo sonho na Casa de Rio Branco.
Os embaixadores Ronaldo Sardenberg (que está na ONU, em Nova York) e Bernardo Pericás (atualmente na Aladi, em Montevidéu), ambos veteranos e de primeiro time, irão ocupar os dois derradeiros redutos dos políticos. Sardenberg vai para Lisboa, substituindo o ex-presidente da Câmara Paes de Andrade, do PMDB. Pericás substituirá o boa praça petista Tilden Santiago em Havana.
Acabou a brincadeira. Agora, é trabalho profissional, para craques do ramo e com um eixo que o chanceler Celso Amorim chama de "renovação". Além de veteranos em Cuba e Portugal, "jovens" cinqüentões e promissores nos postos mais estratégicos da diplomacia bilateral: Argentina e EUA.
A ida de Mauro Vieira para Buenos Aires já foi um sinal da renovação, mas a principal marca é a escolha do embaixador Antônio Patriota para a jóia da coroa: a embaixada em Washington. Amigo pessoal e braço-direito de Amorim, ele foi primeiro da turma no Instituto Rio Branco, é subsecretário de Assuntos Políticos, tem livros publicados sobre a ONU e é defensor veemente de uma cadeira para o Brasil no conselho permanente da entidade.
Lula, que vai continuar rodando o mundo, pagou as velhas contas do Brasil com organismos internacionais (a começar da ONU) e aumentou sensivelmente os recursos, postos e vagas iniciais da diplomacia. Prestigiou o Itamaraty, gosta dos resultados e está criando mais uma turma numa Casa em que turmas são muito fortes e fazem história: "a turma do Amorim".

Arquivo do blog