Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, fevereiro 22, 2006

FERNANDO RODRIGUES PSDB encalacrado

BRASÍLIA - A pesquisa Datafolha publicada hoje deve aumentar o risco de cizânia no PSDB. Os números confirmam que 1) Lula segue em recuperação, 2) Serra continua numericamente como candidato mais forte a ser o anti-Lula e 3) que, se o nome tucano for o de Geraldo Alckmin, o PT tem chance de liqüidar a disputa a seu favor já no primeiro turno.
Na vida real, a situação para os tucanos é outra. Alckmin não arreda pé. Quer ser o candidato. Só abre mão se for derrotado numa disputa interna formal, algo que não ocorrerá no PSDB.
Sem saber o que fazer, a cúpula tucana passou a emitir sinais variados. FHC (anteontem) e Tasso Jereissati (ontem) curiosamente agora admitem a realização de prévias. Bobagem. Não haverá prévias.
A José Serra não interessa entrar numa disputa fratricida pela vaga de candidato. "Tenho muito a perder", repete ele a quem toca no assunto. O prefeito de São Paulo continuará a esticar a corda. Vai esperar que o partido decida se o escolhe (com 31% no Datafolha) ou se fica com Alckmin (cuja marca é 17%).
Até onde a vista alcança, Alckmin não tem na cabeça a idéia de desistir. Ao contrário de Serra, o governador de São Paulo nada tem a perder. Mesmo um fracasso na corrida presidencial o torna nacionalmente conhecido. Credencia-se para 2010.
Serra tem repetido que precisa de um consenso. De um apelo do partido a seu favor para que renuncie à Prefeitura de São Paulo.
Do jeito que as coisas andam, se a cúpula prefere mesmo Serra, terá de montar um movimento para ir primeiro a Alckmin pedindo a ele que saia da disputa.
Só que ontem estiveram com o governador paulista FHC, Tasso e Aécio Neves -o triunvirato tucano. Ninguém se arriscou a propor uma desistência. Em resumo, o PSDB está encalacrado, e os seus dirigentes se mostram ineptos para encontrar uma saída. Enquanto isso, Lula ri, solta foguetes e comemora.

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