FOLHA
Há várias divisões que atrapalham o PSDB. A maior delas é a questão de identidade do projeto econômico. No início do governo FHC, havia duas linhas divergentes de pensamento econômico: uma em torno de Edmar Bacha e Gustavo Franco, que defendia a apreciação e o controle estrito do câmbio, independentemente do seu custo fiscal, e a ampla abertura comercial, independentemente de seu impacto sobre a atividade interna; e outra em torno de José Serra e do grupo paulista, com mais ênfase à defesa da empresa nacional.
O grupo carioca impôs seu modelo no primeiro governo FHC, no segundo e no primeiro governo Lula, com Antonio Palocci Filho. Esse modelo demonstrou incapacidade de gerar crescimento. Mesmo que tivesse dado certo, em algum momento, o fato é que se esgotou no plano econômico e político.
Até o próprio FHC admite os erros cometidos na política cambial e no modelo adotado, com a ressalva de que foram sucessivas crises internacionais que impediram a correção, o que não é bem isso, mas não vem ao caso.
O ponto central é que, com exceção de Tasso Jereissati -por convicção- e Arthur Virgílio -por repetição-, praticamente não há mais defensores desse modelo bizarro dentro do PSDB.
Os rapapés de Virgílio e Tasso a Palocci, quando foi depor nas CPIs, mantêm a herança maldita no ninho tucano, do mesmo modo que aquele desastre da semana passada, na reunião do PSDB com o Iedi -em que a Casa das Garças compareceu em peso repetindo fórmulas místicas, sem nenhuma capacidade de evocar um projeto de país.
O outro dilema é o caso paulista. O governador Geraldo Alckmin não possui quadros políticos próprios. Tem personalidade fechada e se cerca de poucos aliados íntimos. Nesses seis anos como governador, não cuidou de criar uma base partidária, de se enfronhar nos problemas nacionais ou de estabelecer contatos com correligionários de outros Estados.
Mas tem um trunfo. O prefeito de São Paulo, José Serra, joga com uma aposta mortal -não apenas para ele, como para o PSDB em São Paulo. Se ganha as eleições, tem condições de mudar o país. Se perde, além de o PSDB perder o Estado e a prefeitura, queima a última grande liderança tucana no Estado. Ou seja, é uma aposta alta não apenas dele, como do PSDB paulista.
O mínimo que Serra exige para uma batalha hercúlea é o consenso no partido. É com isso que Alckmin joga. Ao negar o consenso, Alckmin poderá inviabilizar a candidatura Serra.
Candidato, Serra não tem outra alternativa senão vencer; já Alckmin julga que só tem a ganhar, mesmo perdendo. Derrotado, pensa entrar para a lista dos ex-candidatos, em condição de disputar a liderança futura do partido com Aécio Neves. Mas enfrenta riscos enormes também: o de entrar para o índex dos políticos que sacrificaram os interesses do partido em benefício de seus próprios interesses.
Independentemente dessas disputas, é hora de o PSDB inaugurar a discussão econômica de forma clara e direta, assim como Lula, mostrando que poderá fazer um segundo governo melhor do que o primeiro. E exorcizando a herança de FHC.
E-mail: Luisnassif@uol.com.br
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