Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Editorial da Folha de S Paulo

A RECUPERAÇÃO DE LULA
Em 1989 , ano da primeira disputa presidencial da redemocratização brasileira, a instabilidade marcou as preferências do eleitorado ao longo dos meses que antecederam o pleito. Essa característica acabou estampada no resultado do primeiro turno: quatro candidatos se situaram no pequeno espectro de seis pontos percentuais de onde saiu o adversário de Fernando Collor de Mello.
Nas três eleições seguintes, o padrão se inverteu. O advento do Plano Real deu ensejo à liderança isolada de Fernando Henrique Cardoso sobre Luiz Inácio Lula da Silva, margem que o tucano manteve sobre o petista sem sobressaltos em 1998 e que bastou para que vencesse os dois pleitos no primeiro turno. Já em 2002, foi Lula quem liderou de ponta a ponta as sondagens, tendo José Serra assumido a segunda colocação, para não mais perdê-la, no início de setembro.
À luz da mais recente pesquisa do Datafolha sobre o pleito de outubro de 2006, publicada ontem, torna-se impossível arriscar como evoluirá o processo neste ano. Faltam mais de sete meses para o primeiro turno; há indefinição sobre os contendores do PSDB e do PMDB; e não se sabe qual será o impacto, durante a campanha, do escândalo de corrupção que se abateu sobre o governo Lula.
De concreto, a pesquisa confirma a recuperação do presidente da República, que retorna à condição de favorito, se a eleição fosse hoje. Revela também um movimento raro em pesquisas desse tipo, em que a retomada da intenção de voto em Lula dos mais ricos (que ganham mais de R$ 3.000 mensais e representam 5% da amostra) acompanha o que ocorrera antes na fatia dos que têm renda de até R$ 1.500 ao mês (mais de 85% dos entrevistados).
Quanto ao PSDB, Serra mantém sua condição de tucano mais bem cotado. Mas o fortalecimento de Lula faz aumentar o risco de o prefeito renunciar a seu posto, aos 15 meses de mandato, para enfrentar uma disputa presidencial cada vez mais difícil. Esse é o elemento que sustenta as pretensões do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.

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