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De vez em quando acontece, mas desta vez é sintomático. Estado e Folha deram o mesmo título aos seus respectivos editoriais de hoje sobre o pós-Jefferson: "Apenas o começo". O sentido é mais do que óbvio – e exprime rigorosamente o que reclama uma ampla maioria dos brasileiros. Ponto por ponto: 1. que o denunciador – embora "por motivos menos do que nobres", como lembra o Estadão – do esquema de suborno de deputados não pode nem em sonho ser o único parlamentar punido, o que ele diz que será; 2. que faça parte dos castigados o ainda presidente da Câmara, Severino "Mensalinho" Cavalcanti; 3. e que as investigações das CPIs não sejam tolhidas por que motivo for. O que leva ao que mais interessa: Da Folha: "É crucial também que as apurações não se limitem ao Congresso Nacional e cheguem às fontes políticas do escândalo – o Poder Executivo – e àquelas que financiaram a corrupção." Do Estado: "A esta altura, respeitados escrupulosamente os procedimentos indissociáveis do estado de direito, nada pode ser invocado para circunscrever as investigações. E nenhum gabinete da República deve ficar fora de seu alcance." Hoje como hoje, a chance de tudo isso acontecer parece menor do que a de não acontecer – o que não significa necessariamente que nada mais acontecerá. Um complicador já está em cena: a decisão de ontem da Mesa da Câmara de estender a todos os 17 citados pelas CPIs dos Correios e do Mensalão como merecedores de processo por quebra do decoro parlamentar o benefício concedido pelo presidente do Supremo, Nelson Jobim, aos 6 deputados petistas que exigiram ser ouvidos pela Corregedoria da Casa antes da abertura do processo no Conselho de Ética. É um direito que o regimento lhes dá. Para o deputado tucano Alberto Goldman, a Mesa ignorou a norma de propósito, para tudo ter que recomeçar da estaca zero, favorecendo os réus. Solução dura de engolir. Mas e as alternativas? O favorecimento consiste em terem eles mais tempo para embaralhar o jogo, como fazem os chamados advogados chicaneiros, e para avaliarem com base no andamento da partida se será ou não o caso de renunciar aos seus mandatos (evitando a suspensão dos direitos políticos por 8 anos). Essa possibilidade, como se sabe, deixa de existir a partir do momento em que o Conselho abre os seus processos. Aí ou o político é cassado ou não é. É exatamente o que está fazendo o Severino Mensalinho. Em vez de despachar ao Conselho o pedido de processo contra si – o que é obrigado a fazer, mas sem hora marcada, porque o pedido foi feito em nome de partidos e não de parlamentares individuais – prepara o terreno para a renúncia. Isso decerto lhe permitirá voltar à Câmara em 2007. Terá suficientes votos nos grotões de onde emergiu, apadrinhado pela ditadura militar, para ser coroado mais tarde rei do baixo clero. Pode ser duro de engolir, mas há um acordo tácito entre os deputados para deixá-lo renunciar – porque as alternativas seriam piores. Se ele se licenciasse por 4 meses, o que o regimento autoriza, assumiria interinamente o vice (Thomaz Nonô, do PFL alagoano) e o problema da sucessão de Severino – não há hipótese de que reassuma – se transformaria numa dor de cabeça insuportável. E se ele resolvesse dar uma de cabra macho e encarar um processo no Conselho, não só a crise se prolongaria – com ele continuando presidente da Câmara, salvo melhor juízo – mas principalmente a cada dia aumentaria o risco de ele mandar tudo para o inferno, contando o muito que sabe dos podres de seus pares. Mensalinho Cavalcanti está cobrando outra coisa para renunciar, e renunciar logo: que o presidente Lula mantenha no Ministério das Cidades o seu afilhado (e indicado) Marcio Fortes. Du-vi-de-ó que Lula diga não. Também as chances de as apurações chegarem "às fontes políticas do escândalo – o Poder Executivo" (Folha), não deixando de fora "nenhum gabinete da República" (Estadão) parecem não ser nenhuma Brastemp. Pelo menos, me repetindo, hoje como hoje. Da colunista Tereza Cruvinel, no Globo que está nas bancas: "A CPI dos Correios vai perdendo a esperança de demonstrar que o dinheiro do valerioduto teve origem no governo." Como se Marcos Valério, o operador da compra de deputados em parceria com o seu bom amigo Delúbio, jamais tivesse ganho uma única licitação no governo Lula para fazer a propaganda das maiores estatais brasileiras. |
Entrevista:O Estado inteligente
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sexta-feira, setembro 16, 2005
Luiz WEIS Jefferson deveria ser "apenas o começo". Será?
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