Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, setembro 14, 2005

FERNANDO RODRIGUES O cheque

folha de s paulo
 BRASÍLIA - Para o bem e para o mal, o desfecho dos casos do "mensalinho" e do "mensalão" passou a depender de uma prova material: o cheque que um empresário diz ter dado a um motorista de Severino Cavalcanti.
Um simples cheque parece pouco diante dos intermináveis depoimentos de petistas chorosos nas três CPIs em andamento. Ocorre que se formou quase um consenso no Congresso sobre a necessidade de haver uma evidência material para dar consistência às acusações de corrupção contra o presidente da Câmara.
Essa história de julgamento político, sejamos francos, é um traço clássico de republiqueta das bananas. Quem faz julgamento político é o eleitor, nas urnas. Ao Congresso cabe buscar provas e aí cassar todos os corruptos. As CPIs têm amplo poder para tal. Se não encontram as evidências, das duas, uma: ou elas não existem ou, mais provável, os métodos de apuração são da pior espécie.
O fato é que o caso de Severino Cavalcanti se tornou um divisor de águas no processo investigatório dentro do Congresso.
Se o cheque, autenticado pelo banco, provar o recebimento de dinheiro por parte de um motorista do deputado, a cassação fica inevitável.
A eventual punição ou salvação de Severino com base na existência ou não de uma prova material conclusiva será um marco. Determinará o destino de vários dos deputados cassáveis por causa do "mensalão".
A partir de agora, com ou sem cheque, todos os acusados vão exigir tratamento análogo ao recebido pelo presidente da Câmara. Se as acusações só forem orais, sem prova material, alegarão inocência.
Será ruim para efeito da assepsia do Congresso, mas um passo razoável em direção ao Estado democrático de Direito. A saída é os eleitores exigirem mais apuro das CPIs na hora da coleta de dados -menos holofotes e mais trabalho de apuração.

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