folha de s paulo
Nos debates do 2º Fórum de Economia da FGV (Fundação Getulio Vargas), consolidaram-se algumas conclusões -não unânimes, dada a diversidade dos debatedores- sobre as razões da crise brasileira e sobre mitos que deram vida e alimentaram esses erros.
Um deles é o mito da poupança externa, que legitimou a loucura da apreciação cambial de 1994. A lógica era a de que havia insuficiência de poupança interna. O caminho seria apreciar o câmbio e abrir espaço para o ingresso de poupança externa. Apreciou-se o câmbio, criou-se uma brutal dívida externa e interna e a poupança não apareceu. Nos últimos anos, com a mudança do câmbio e a melhoria das contas externas, em pouco tempo a poupança interna aumentou cinco pontos do PIB (Produto Interno Bruto).
Em seu trabalho no encontro, o economista Yoshiaki Nakano procurou se debruçar sobre as razões dos juros elevados, compilando idéias dele e de outros economistas ao longo dos últimos anos.
Um dos problemas centrais é a falta de coragem do Banco Central e da Secretaria do Tesouro Nacional até de aprofundar a ortodoxia. Ambos operam a dívida pública. Mas o BC atua na política monetária (controle da liquidez da economia) em cima das sobras de caixa das empresas e das reservas bancárias. E o Tesouro deveria atuar em um segundo mercado, de títulos de médio e longo prazo. Depois dos dois primeiros anos de estabilização, esses dois mercados deveriam ter sido devidamente separados, permitindo uma curva de juros normal no país -aquela em que as taxas de curto prazo são baixas e depois vão aumentando à medida que os prazos dos títulos vão se alongando.
Essa separação não foi feita. Como o Banco Central tem uma estratégia única de política monetária -batizada por Nakano de "doidos contra a inflação"- , a taxa altíssima de curto prazo acaba funcionando como piso dos juros da economia.
Com essas taxas de juros, mais o desemprego estrutural e a má distribuição de renda, o único caminho da indústria para crescer deveria ser a busca do mercado externo. É por isso que a taxa de crescimento da economia passou a ser determinada pela demanda externa e pela taxa de crescimento das exportações.
Nesses anos todos, o pagamento de juros da dívida pública passou a representar de cinco a dez pontos percentuais do PIB, criando um efeito riqueza ao contrário. Em economias normais, quando a autoridade monetária quer desaquecer a economia, aumenta os juros, reduzindo a demanda. Aqui é o contrário. Aumentam os juros, aumenta a riqueza rentista, e os bancos passam a ter mais caixa para emprestar.
O grande desafio do próximo governo será como transitar da situação atual para um quadro de equilíbrio virtuoso, em que se tenha um câmbio competitivo, mas estável. Essa história de que câmbio flutuante foi feito para flutuar só pode caber em cabeças de planilha. A taxa tem que ser competitiva o suficiente para impedir crises cambiais futuras e garantir a estabilidade da moeda.
Entrevista:O Estado inteligente
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