"O presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, abriu a temporada das renúncias. Para escapar da cassação e conservar seus direitos políticos, podendo candidatar-se em 2006, o deputado preferiu renunciar ao mandato.
Valdemar é o terceiro presidente de partido abatido pela crise do mensalão. Roberto Jefferson, do PTB, licenciou-se do cargo. José Genoíno, do PT, renunciou sob o peso das denúncias. Agora Valdemar da Costa Neto, do PL, renuncia ao mandato, mas continua presidente do partido, não se sabe até quando.
O que teria acontecido para deputado tomar esta atitude tão definitiva? O problema era fugir de um processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados.
O processo corre assim: se um deputado entra com processo contra outro, é necessário que o Conselho acate este pedido e dê início ao processo. A partir desse momento, o deputado acusado não pode mais renunciar ao mandato para escapar da cassação. É o caso do deputado Roberto Jefferson, no momento.
No entanto, se um partido político entra com um processo contra um deputado, no exato momento em que esse processo é procolado na Comissão de Ética o deputado acusado já não pode mais renunciar.
Portanto, determinar o momento certo da renúncia é fundamental para alguns deputados que estão bastante envolvidos na crise do mensalão.
A partir de hoje podemos esperar mais algumas renúncias. Valdemar da Costa Neto pode ter sido apenas o primeiro de uma série. A renúncia do presidente do PL impediu que se desse a devida importância às últimas acusações que envolvem o deputado José Dirceu na crise do mensalão.
Emprego para a ex-mulher, empréstimo para a ex-mulher comprar um apartamento, tudo intermediado pelo publicitário Marcos Valério. Ah, e um assessor talvez envolvido em saques nas contas do Banco Rural.
Tudo isso transforma o depoimento de José Dirceu hoje à tarde na Comissão de Ética da Câmara dos Deputados num programa imperdível. Com direito ao deputado Roberto Jefferson sentado na primeira fila."
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