Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, agosto 31, 2005

Lucia Hippolito :Encreca na Câmara

BLOG NOBLAT

 

" Sempre se disse que na Câmara dos Deputados existe de tudo, menos tolos. Segundo o Dr. Ulysses Guimarães, o mais bobo dos deputados conseguia consertar relógio calçando luvas de boxe.

E mais: sempre se soube que, por mais estripulias que façam, senadores e deputados têm um ouvido colado na opinião pública. Quando vão visitar as bases, voltam cheios de informações sobre o que pensa o eleitorado de sua região.

 

E é natural. A política tem poucas leis realmente imutáveis. A primeira diz que, numa democracia representativa, os políticos são eleitos. E a segunda diz que eles gostam de ser reeleitos.

Portanto, por mais bobagens que o deputado ou o senador possam fazer, uma visita as bases conserta quase tudo. De volta a Brasília, o deputado muda de idéia, o senador desdiz o que disse. Tudo para ficar de bem com o único povo que lhe interessa: o seu eleitorado.

 

A encrenca em que está metida a Câmara dos Deputados não tem precedente na história da República. Olhem que já saiu até tiro no Congresso, mas nunca um presidente da Câmara foi tão severamente criticado, tão desautorizado como foi o atual presidente, deputado Severino Cavalcanti.

 

Nunca é demais lembrar que Severino não foi eleito por acaso, nem por esperteza própria. Severino é resultado do festival de incompetência que assolou o PT quando da eleição para a presidência da Câmara, em fevereiro deste ano.

 

E aí sobra para todo mundo. Do presidente Lula, passando pelo então todo-poderoso ministro José Dirceu, pelo então presidente da Câmara, deputado João Paulo, que na ânsia de se reeleger estava mais preocupado em manter sua amizade com o publicitário Marcos Valério do que em articular uma sucessão minimamente decente, até o presidente do PT, José Genoíno, que decidiu apoiar a imposição de um candidato à presidência da Câmara francamente impopular, arrogante e auto-suficiente, como se revelou o deputado paulista Luiz Eduardo Greenhalg.

 

O resultado foi Severino Cavalcanti, rei do baixo clero, que exercita diariamente suas principais características: corporativismo, clientelismo, populismo e todos os "ismos" mais arcaicos que se possa imaginar.


Estamos navegando na mais grave crise política da história da República, com o envolvimento do governo, do partido do governo e dos partidos aliados do governo.

 

E qual é a resposta que a Câmara dos Deputados está dando a esta crise pavorosa? Severino Cavalcanti.

 

Ninguém merece."

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