Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, agosto 25, 2005

ELIANE CANTANHÊDE Pró-Congresso

FOLHA DE S PAULO

  BRASÍLIA - O PT não consegue ser solidário nem na dor. Tarso quer empurrar Dirceu ladeira abaixo, Dirceu se segura com unhas e dentes, ambos têm um misto de crítica e inveja de Palocci, e todos se ressentem do nítido vácuo de liderança. O pau come e tudo o que Lula sabe fazer é discurso. Nem Lula tem um partido, nem o partido tem Lula.
O PT é um dos quatro grandes partidos do país, tem 25 anos, 820 mil filiados e a aura de partido ético por excelência. Tudo isso está sob risco diante das fraquezas do governo Lula e da avalanche de denúncias.
Com um agravante: denúncias que não param de surgir dos aliados e do próprio PT. A imprensa divulga, a oposição amplifica, mas a origem está no governo, nos aliados, nos assessores, amigos e colaboradores do PT.
Num círculo vicioso, uma cúpula petista ruiu como um castelo de areia, e a que veio mantém a velha autofagia de sempre. Em vez de discutir responsabilidades e novas práticas políticas, Tarso, Dirceu e as "n" tendências disputam entre si.
No final de setembro, vence o prazo para a troca de partido dos candidatos em 2006, e isso deixa as bases petistas no Congresso de cabelo em pé. Para onde ir? Para o PSOL, para o PSB, para o "Pjama"? Ou você, leitor ou leitora, acha que é o único descrente com tudo isso? Não. Os petistas andam chorando de verdade.
É por isso que proliferam os grupos pró-Congresso, quase sinalizando uma reacomodação partidária. Um é de oposição, o outro é de esquerda, um terceiro é suprapartidário. E todos querem tomar as rédeas do processo para salvar a instituição e a própria crença na política.
A pesquisa Ibope caiu como uma luva. Mostrou que não adianta sonhar que Lula está vivíssimo e que o governo e o PT não são as únicas vítimas de tudo isso. Governo e Congresso estão no mesmo barco. Cabe aos homens de bem tentar salvá-los. Você pode não acreditar, mas eles existem. E estão se mexendo.

Arquivo do blog