Entrevista:O Estado inteligente

domingo, agosto 28, 2005

CLÓVIS ROSSI Omissão também é crime

folha de s paulo
SÃO PAULO -
Em que mundo de fantasia se refugia o presidente da República para reclamar de que há "denúncias e mais denúncias, insinuações e mais insinuações, e nenhuma prova até agora que possa condenar qualquer pessoa"?
Não só há abundantes provas como, pior, há confissões. Confissão, por exemplo, de Delúbio Soares, o tesoureiro do partido de Lula, sobre a prática de caixa dois (ou caixa dois deixou de ser crime?).
Confissão, por exemplo, de Duda Mendonça, o marqueteiro do presidente, de desvio de recursos para o exterior, além de, outra vez, uso do caixa dois (ou desviar recursos para o exterior deixou de ser crime?).
Há, ainda, uma lista comprovadíssima de deputados pagos com dinheiro do PT, manejado por Delúbio/ Marcos Valério.
Se não há condenações ainda, não é por falta de provas, mas pela demora natural do devido processo legal ou no âmbito do Legislativo e porque o partido do presidente, o próprio presidente e membros de seu governo embaçam as investigações.
Exemplo: Ciro Gomes (Integração Nacional), que, ao lado de Lula, diz que "gente que tinha a confiança do presidente da República" fez "coisa muito feia, muito suja".
Pois é, presidente, por que o senhor não reclama de Ciro que fica fazendo denúncias desse grosso calibre sem apresentar provas?
Não ajudaria um bocado nas investigações e eventuais condenações posteriores se Ciro dissesse ao Congresso e à Polícia Federal quem é a tal gente de confiança do presidente que fez "coisa suja"?
Mais: não é obrigação elementar, primária, de funcionário público denunciar "coisas sujas" de que toma conhecimento?
O próprio presidente afirma que foi traído, o que significa que só pode ter provas da traição e do tipo de sujeira nela embutido. Mas fica sempre no sujeito oculto.
Dá a impressão de que todos temem os traidores.

Arquivo do blog