"A semana começa sob o pesado manto da suspeita. Suspeita de que tudo vai dar em nada. Suspeita de que CPIs demais vão resultar em punição de menos.
Deputados com a cabeça a prêmio iniciaram uma ofensiva de imprensa no fim de semana, ocupando as páginas dos principais jornais e revistas.
O presidente da CPI dos Correios, senador Delcídio Amaral, viveu um inferno astral na semana passada. Acusado por membros da oposição de retardar os trabalhos, confundir as investigações, o senador se vê agora numa incômoda posição. Pressionado em seu estado natal, o Mato Grosso, Delcídio, que esperava sair da CPI com cacife suficiente para se eleger governador, agora está tendo que lutar para manter seu espaço no PT matogrossense.
O governador do estado, aliado de lideranças petistas com a cabeça a prêmio, está asfixiando o senador Delcídio Amaral que, talvez, tenha que buscar pouso em outra legenda. Assim, toda a sua fidelidade aos líderes do PT teria sido em vão. Será que outros partidos vão aceitar Delcídio, depois de seu comportamento nas últimas semanas? A conferir.
Enquanto isso, o relator, deputado Osmar Serraglio, parece não estar disposto a nenhum acordo que não signifique punição dos deputados envolvidos no escândalo do mensalão.
Enquanto a CPI dos Correios patina em dúvidas e incertezas, as outras duas Comissões, a do Mensalão e a dos Bingos, parecem ter encontrado um rumo. Esquisito, mas é um rumo.
A CPI do Mensalão pretende julgar os parlamentares envolvidos no recebimento de dinheiro das contas de Marcos Valério e, por isso, briga com a CPI dos Correios para poder ter acesso a documentos e depoimentos.
Já a CPI dos Bingos, composta exclusivamente por senadores, vai nadando de braçada. A oposição é maioria e, por isso mesmo, aprova todos os requerimentos que encaminha à Mesa. Assim, esta CPI vai funcionando como uma instigadora das outras.
Por exemplo. Na CPI dos Correios, a tropa de choque do governo tinha conseguido barrar a convocação do doleiro Toninho da Barcelona. Pois a CPI dos Bingos aprovou sem problemas a convocação do doleiro, só para chatear. Resultado: a CPI dos Correios voltou atrás e também aprovou a convocação.
E assim vamos abandonando o mês de agosto e entrando em setembro. Vamos entrar no quarto mês da crise política, sem que haja no horizonte nenhum sinal de que o desfecho esteja próximo."