Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, agosto 25, 2005

Editorial de A Folha de S Paulo É PRECISO AVANÇAR

 No momento em que despertam justificadas preocupações a morosidade e a ineficiência das CPIs em avançar no esclarecimento dos esquemas de corrupção, eis que uma delas, a dos Correios, deu um passo para romper o círculo protetor formado em torno dos fundos de pensão. A comissão aprovou ontem a quebra de sigilo bancário de três dessas instituições -e oito delas deverão ser, ainda hoje, submetidas ao mesmo procedimento.
Muito mais importante do que dar prosseguimento aos já enfadonhos espetáculos de argüição de personagens cada vez menos importantes -e que pouco acrescentam aos fatos já conhecidos- é examinar documentos, reunir provas e determinar a origem dos recursos movimentados. Além de possíveis doações enviesadas feitas por empresas, é preciso estabelecer se e como fundos e instrumentos públicos foram desviados para alimentar a clandestina ciranda financeira do "mensalão".
Há, quanto a isso, fortes indícios de manipulação dos fundos de pensão em operações que ajudariam a explicar a incrível boa vontade demonstrada por alguns bancos para com o PT e o governo Lula. Aplicações desses pecúlios teriam servido de moeda nas deploráveis transações envolvendo instituições financeiras, representantes da cúpula do partido e o operador Marcos Valério.
Não basta, porém, descortinar os bastidores dos fundos de pensão. É preciso também desvendar outros mecanismos de captura de verbas públicas, trazendo à luz como contratos eram firmados e renovados em estatais, os critérios que regiam os investimentos de marketing, as comissões pagas por interessados em vender serviços e os demais expedientes usados pelos beneficiários do loteamento da máquina federal.
Já é mais do que hora de os membros das CPIs demonstrarem à opinião pública que não estão atraídos apenas pelo brilhareco fácil dos interrogatórios, mas também empenhados em averiguar a fundo o "modus operandi" da corrupção. Não é aceitável que um misto de dispersão de esforços, pouca dedicação à análise documental e manobras acomodatícias venha a produzir inquéritos parciais e inconclusos.

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