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"A convocação do doleiro Toninho da Barcelona para depor na CPI dos Bingos parece que despertou os brios da CPI dos Correios, que finalmente decidiu também convocar o doleiro.
A briga de foice entre governistas e oposicionistas estava paralisando a CPI dos Correios. O presidente, senador Delcídio Amaral, estava sob fogo cerrado da oposição, acusado de não dar aos trabalhos a agilidade dos primeiros dias.
Tudo fruto, segundo a expressão feliz da senadora Heloísa Helena, deste "caso de amor mal resolvido entre petistas e tucanos".
Realmente, é feroz a luta pelo poder entre PT e PSDB, que tem como ponto de partida e objetivo final a conquista do espaço político de São Paulo.
Trata-se de uma guerra paulista. E os paulistas fazem política disputando quarteirão a quarteirão. Petistas e tucanos não deixam espaço para mais nada e para mais ninguém.
É compreensível, tendo em vista o imenso peso econômico de São Paulo na federação brasileira. É disputa de poder, e das bravas.
Mas a tentativa de exportar este padrão de disputa paulista não encontra amparo na dinâmica política da maior parte dos estados brasileiros.
Afinal, como sabemos, a lógica da política estadual é muito forte. Assim, no Rio de Janeiro, a disputa principal é entre o PMDB de Moreira Franco e Garotinho e o PFL de César Maia. Em Pernambuco, disputam PMDB, PFL e PT. Na Bahia, PFL e PT. No Ceará, PSDB e PT. E assim por diante.
A guerra paulista entre petistas e tucanos contaminou a discussão política no país. Tudo o que petistas amam, tucanos odeiam. Tudo o que tucanos propõem, petistas recusam.
Na CPI, cada conta do PT no exterior que aparece nas investigações é imediatamente comparada a uma outra conta do PSDB que os petistas descobrem não-sei-onde.
Se aparece um doleiro que prestava serviços aos petistas, é preciso descobrir rapidinho um doleiro dos tucanos, senão a coisa não anda.
E assim, petistas e tucanos vão alegremente levando o Brasil para o impasse político. Para eles, nada parece ter importância, nem mesmo o país, diante do prêmio maior que é São Paulo, e da emoção maior, que é continuar vivendo este amor bandido.
O país que aguarde o fim dessa história."