O GLOBO
O governador de Minas, Aécio Neves, deve voltar a São Paulo nos próximos dias, desta vez para uma conversa franca com o prefeito paulistano José Serra, o presidenciável do PSDB mais bem colocado nas pesquisas de opinião. Na semana passada, Aécio esteve com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que se mantém como o principal eleitor interno tucano, e alternativa sempre possível a candidato do partido à Presidência, especialmente se o consenso estiver difícil de ser atingido, e a disputa ficar facilitada com a derrocada da popularidade do presidente Lula.
Fernando Henrique pode surpreender, no entanto, com a aceitação de uma candidatura ao governo de São Paulo, sonho dos tucanos paulistas. Agora que o PT está enfraquecido nacionalmente, e que suas pesquisas pessoais indicam que "São Paulo tucanou", pode ser que se disponha a disputar uma eleição em que seja o favorito.
Não se pense, portanto, que apenas o PT ou o PMDB têm facções, pois o PSDB, mesmo com a situação favorável à retomada do poder em 2006, consegue se envolver em disputas internas que podem terminar prejudicando seu desempenho eleitoral. Foi assim em 2002 com a escolha de José Serra como candidato — a mesma parte do PSDB que hoje se inquieta com a atropelada que o prefeito vem dando sobre o até então candidato natural do partido, o governador Geraldo Alckmin, deixou-o sozinho na campanha eleitoral.
A situação hoje é mais tranqüila para Serra, pois ele ainda aparece como o único tucano a vencer tanto Lula quanto Garotinho. Mas a sensação de que, a estarem certas as pesquisas que apontam a tendência constante de queda na popularidade do presidente, dentro de pouco tempo qualquer dos presidenciáveis tucanos poderá derrotá-lo, faz com que as disputas internas se acirrem, e que o "salto alto" do favoritismo seja usado em lugar da "sandália da humildade".
Há um entendimento generalizado, porém, de que o candidato do PSDB não pode sair de uma briga de tendências dentro do partido, pois já iniciaria a campanha fragilizado. Além do mais, o próximo presidente, seja ele quem for, terá pela frente um país saído de uma grave crise política, e terá que ter grande capacidade de aglutinação para poder governar.
A missão paulista de Aécio Neves tem, portanto, várias dimensões e nuances. Tanto ele quanto Tasso, o senador Arthur Virgílio, do Amazonas, e o governador Marconi Perilo, de Goiás, formam um grupo de líderes tucanos que demonstram certa impaciência com a centralização das decisões no núcleo paulista do partido. Os três pré-candidatos mais fortes são paulistas— Fernando Henrique, Geraldo Alckmin e José Serra — mas os demais líderes regionais pretendem lembrar a eles que qualquer decisão tem que passar por outras instâncias partidárias.
Aécio joga também com a possibilidade de vir a se candidatar por um outro partido, aventada pelo PMDB há alguns meses e que foi ressuscitada hoje, mais como uma ameaça potencial do que uma possibilidade real. Nada indica que Aécio Neves tenha interesse em deixar o PSDB, por onde tem uma reeleição mais que provável para o governo de Minas, e uma candidatura à Presidência da República quase natural, plano que sua idade permite que seja postergado sem grandes ansiedades.
É verdade que não estava no seu cronograma a realidade que se apresenta hoje, com Lula enfraquecido e a provável eleição de um tucano em 2006. Com a reeleição do atual presidente como provável até alguns meses atrás, Aécio, reeleito também governador de Minas, seria o candidato natural do PSDB em 2010. Com a possibilidade de Serra ou Alckmin se elegerem, seu projeto pode ter que ser adiado para 2014, quando será no máximo senador da República e o PSDB terá estado no poder por 8 anos novamente, enfrentando o desgaste natural da fadiga de material.
Ou, pior, se o presidente tucano não tiver sucesso capaz de reelegê-lo em 2010, esse sonho pode ser jogado para 2018. De qualquer maneira, embora não seja candidato agora, Aécio tem poder político para fazer com que o candidato do PSDB obedeça a um consenso, e não seja escolhido apenas pelas pesquisas de opinião. O fato é que Serra só será o candidato natural do partido se continuar sendo o único apontado pelas pesquisas de opinião a vencer Lula até o início de 2006, quando será definido o nome oficialmente.
Em igualdades de condições, o candidato natural será mesmo o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, até mesmo porque Serra terá dificuldade em deixar a prefeitura com pouco mais de um ano de mandato. Mas Aécio acha que Serra, mesmo tendo a chance de se tornar um candidato natural, tem que costurar internamente um consenso em torno de sua candidatura, e não impô-la. O primeiro passo para a unidade partidária seria um candidato de consenso também para a presidência do partido, que será escolhido até o final do ano.
O candidato natural é o senador cearense Tasso Jereissati, que já presidiu o partido e foi governador três vezes. No entanto, o prefeito José Serra, que é o presidente licenciado do partido, trabalha nos bastidores para que seja outro o escolhido, considerando que Tasso não é simpático à sua candidatura, o que é apenas meia verdade. Serra acha que Tasso prefere o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (o que é verdade), mas acabará, como em 2002, apoiando a candidatura de Ciro Gomes, o que é possível, mas não é inevitável.
Já tentou lançar a candidatura de Marconi Perillo, mas a manobra não só não funcionou como Perillo anda revelando sua preferência pela candidatura de Alckmin. O que Aécio tentará nos próximos dias é convencer Serra de que deve lançar a candidatura de Tasso Jereissati à sua sucessão na presidência do partido, como ponto de partida para a construção do consenso interno.
Entrevista:O Estado inteligente
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