Entrevista:O Estado inteligente

domingo, novembro 12, 2006

Sobre o preconceito antipaulista

Sobre o preconceito antipaulista

A onda do momento é atacar São Paulo. Isso tanto no PT — que acusa o núcleo paulista do partido de ser responsável por todas as crises — como em setores do PSDB. Naquele caso, a disputa é pelo controle da máquina partidária. Neste outro, já se está mesmo de olho em 2010. Paulo Moreira Leite trata do assunto no Estadão deste domingo: “A palavra 'despaulistização' é o vocábulo da moda no segundo mandato do presidente Lula. Se fosse aplicado ao terreno das idéias econômicas, o termo poderia ser bem-vindo, quando se constata que as imensas desigualdades regionais do País têm diminuído menos do que se esperava (leia texto abaixo). Aplicado ao mundo político, não passa de uma bandeira de políticos do PT e do PSDB que negociam cargos e prestígio em Brasília, universo onde personalidades de São Paulo marcam presença de relevo em ministérios, em tribunais superiores e outros postos da cúpula do aparelho estatal. Com 9 ministros paulistas em uma equipe de 34 integrantes, Lula enfrenta pressões idênticas àquelas vividas por seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, acusado de montar um 'paulistério'.'A discussão não é saber se existem muitos ou poucos paulistas', admite o deputado mineiro Roberto Brant (PFL), que foi ministro da Previdência no governo FHC. Para Brant, 'no Brasil de hoje os melhores profissionais de quase todas as áreas se encontram em São Paulo'. 'Se você quiser fazer um bom governo, terá muitos ministros paulistas e isso não tem nada a ver com política, mas com preparo técnico', acrescentou. A visão do deputado apóia-se num conjunto de verdades estabelecidas. Sem esquecer dramas de um Estado que enfrenta questões graves em áreas como saúde, segurança e educação, nas últimas décadas São Paulo não só deu ritmo para o conjunto da economia brasileira como também criou um ambiente cultural cosmopolita e uma vida acadêmica respeitável para os padrões brasileiros.'Há exceções, mas não adianta negar: fora de São Paulo, o ambiente se tornou provinciano', diz Roberto Brant. 'Isso não é um problema dos paulistas, mas do Brasil. Só vai mudar quando o País mudar.' O deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) está convencido de que 'essa conversa de paulistização é pouco séria, típica de quem está de olho em coisas menores'. Na luta interna por mais espaço no governo, o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, falou em 'paulistas' para se referir à origem do abismo ético do PT. As preocupações podiam ser justas, mas a geografia de Tarso foi traída pela memória seletiva, já que o escândalo do jogo do bicho marcou para sempre o PT gaúcho.”

Arquivo do blog