Entrevista:O Estado inteligente

sábado, novembro 11, 2006

clovis rossi Boa notícia. Mas falsa

SÃO PAULO - Uma das únicas boas notícias sobre o Brasil contida no relatório sobre desenvolvimento humano divulgado pelas Nações Unidas é a redução da desigualdade. Pena que seja falsa.
Já tratei desse tema, mas a repetição da falsidade exige voltar ao teorema que explica a falsidade.
1 - O único estudo que mostra a queda da desigualdade (a partir de 1995, portanto no governo Fernando Henrique Cardoso) é a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios), do IBGE. Os pesquisadores perguntam a renda da família. Quem vive só de trabalho ou de outro rendimento fixo diz o que ganha. Quem, além do salário ou de rendimento fixo, recebe também os proventos advindos de aplicações financeiras, omite essa parte da renda. Ou por mero esquecimento, portanto de boa-fé, ou por medo (do fisco, de seqüestro, do que seja).
2 - Como aumentou a renda dos mais pobres, a partir dos diferentes tipos de bolsas, a pesquisa registra diminuição da desigualdade, por falsa declaração.
3 - Testemunho de pesquisadores do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas: "A pesquisa do IBGE só capta 10% dos rendimentos das famílias com juros", afirma Marcelo Medeiros. Completa Sergei Soares: "Esses rendimentos são muito mal medidos pela Pnad".
4 - Os 10% mais ricos do país e que têm dinheiro aplicado a juros obtiveram um rendimento médio financeiro real (acima da inflação) de 65,8% entre 2001 e 2004 (os dados da ONU referem-se justamente a 2004). Já os 20% mais pobres que vivem da renda do trabalho tiveram um aumento nos ganhos de 19,2% no mesmo período.
Tudo somado, tem-se que é simplesmente impossível que a desigualdade tenha caído. E, mesmo computando uma queda que não houve, a ONU põe o Brasil em um patético 69º lugar no ranking do desenvolvimento humano.

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