Entrevista:O Estado inteligente

sábado, junho 25, 2005

FERNANDO RODRIGUES:Gasto inútil

Folha de S Paulo

BRASÍLIA - A crise do "mensalão" provocou vários debates, menos um: por que os governos no Brasil gastam tanto dinheiro com propaganda? No plano federal, o valor estimado por baixo em 2004 foi de R$ 1,2 bilhão, incluindo a administração direta e estatais. Nos Estados, outro tanto equivalente é torrado.
Um dos eixos das suspeitas de "mensalão", a publicidade estatal é um antigo estuário de traficâncias. Na ditadura militar (1964-1985), muitas agências e meios de comunicação navegaram no "ame-o ou deixe-o" e no "este é um país que vai pra frente". Agora, mesmo sem Don e Ravel, o cenário é semelhante -inclusive o sigilo em que são mantidos os números reais do setor.
Lula se auto-outorga R$ 150 milhões anuais para cuidar da imagem institucional da Presidência. Em abril passado, TVs, rádios e mídia impressa estamparam mensagens relevantes (sic) como "o Brasil agora cresce para todos", "Brasil, um país de todos como nunca se viu", "a gente sabe que ainda tem muito a fazer, a gente sabe que pode contar com você" e "muda mais Brasil, um Brasil cada vez mais um país de todos".
Não satisfeito, Lula e seu gestor da propaganda, Luiz Gushiken, induziram empresas e agências de publicidade a veicular uma campanha paraestatal. Primeiro, foi "o melhor do Brasil é o brasileiro". Agora, a piada pronta "bom exemplo: essa moda pega" -no meio do maior escândalo recente de corrupção.
Em todas as contas possíveis, o setor estatal brasileiro é o que mais gasta com publicidade no planeta Terra (reportagem de 10 de novembro de 2003 nesta Folha).
É fácil entender a dificuldade dos políticos em debater o tema. Aqui ou ali, PT, PSDB, PFL, PMDB e outros se beneficiam da regalia da propaganda a favor. Todos sabem como é bom ter um Marcos Valério à mão.

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