Nada tenho contra a pessoa do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Não o conheço, nunca o vi mais gordo. E, no entanto, como brasileiro, preciso dizer o seguinte: tem que aparecer, urgente, algum Roberto Jefferson que, empostando a voz de barítono de ópera-bufa, diga em alto e bom som: "Sai daí, Henrique, rápido!".
Como sabemos, essa exortação funcionou maravilhosamente contra o ministro José Dirceu. Além disso, as diretorias dos Correios e do IRB foram sumariamente demitidas.
Mas Henrique Meirelles é um caso a parte. As denúncias contra ele são graves e antigas. Apesar disso, sobrevive. Pelo menos, por enquanto.
Não vamos esquecer o óbvio: trata-se de um integrante do Sistema Financeiro. Merece, portanto, especial respeito e consideração. Todo lulista que se preza treme da cabeça aos sapatos quando encontra uma figura dessas.
Henrique Meirelles foi acusado de sonegação fiscal, evasão de divisas e crime eleitoral. Reação do governo Lula: propôs, por medida provisória, que o acusado fosse promovido, isto é, que se desse status de ministro de Estado ao presidente do Banco Central. Com a aprovação dessa medida, Meirelles passou a gozar do direito de ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal.
Corre inquérito criminal contra ele no Supremo. A Folha noticiou anteontem, sem ser desmentida (até onde sei), que Henrique Meirelles está tentando evitar a quebra do seu sigilo bancário, pedida pelo procurador-geral da República. Hmmm...
Corrupção. Até os corruptos a condenam (a culpa não é individual, mas do sistema político, explicam). Obviamente, ninguém é a favor do desvio de recursos públicos para benefício de empresários, políticos e outros espertalhões.
Menos óbvio é o fato de que a política de juros do dr. Henrique deixa o "mensalão" no chinelo. Não é ilegal, mas representa um desvio muito maior e mais sistemático de recursos públicos para o bolso de banqueiros, proprietários de outras instituições financeiras, grandes empresários e demais minorias privilegiadas. Contra esse desvio, a indignação não é tão unânime. Sempre haverá economistas, bem remunerados, dispostos a dar guarida à selvageria que passa por política monetária responsável no Brasil. A razão é simples: os grandes beneficiários da política de juros são os donos do poder e as elites que se apropriam de grande parte da renda e da riqueza do país.
Do ponto de vista da maioria da população, essa política traz mais custos do que benefícios. Controla a inflação, é verdade, mas a um preço exorbitante. O estrago nas finanças do governo está sendo gigantesco. Com os juros brasileiros escandalosamente altos em termos mundiais, aumentam as entradas de capital volátil, também conhecido como capital-motel, provocando valorização perigosa do real com prejuízos para as exportações industriais, agrícolas e de serviços. A taxa de crescimento das exportações vem registrando acentuada diminuição. E os brasileiros voltaram a aumentar os seus gastos com turismo no exterior.
Nesse ambiente monetário e cambial, não há economia que possa investir e crescer em ritmo adequado. Nos meses recentes, todos reduziram as projeções para o investimento produtivo e o crescimento do PIB. Teremos, na melhor das hipóteses, crescimento medíocre. A galinha está aterrissando.
Combinação tenebrosa para um presidente que pretende (ou pretendia) candidatar-se à reeleição: denúncias graves de corrupção e economia praticamente estagnada.
Alguém precisa dizer a Lula: "Presidente, a direção do Banco Central também está botando dinamite na sua cadeira".
Entrevista:O Estado inteligente
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quinta-feira, junho 30, 2005
Sai daí, Henrique, rápido!-PAULO NOGUEIRA BATISTA JR.
folha de s paulo
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